Agosto Dourado: doação de leite humano beneficiou mais de 4 mil recém-nascidos na Bahia em 2025

A Bahia coletou 4.169 litros de leite humano e distribuiu 3.280 litros no primeiro semestre de 2025, beneficiando 4.346 recém-nascidos. Em Salvador, a coleta chegou a 1.730 litros entre janeiro e junho deste ano, sendo 1.312 litros distribuídos no mesmo período. Os dados foram informados ao Farol da Bahia pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) no contexto do Agosto Dourado, mês dedicado à conscientização sobre a importância do aleitamento materno e ao incentivo à doação de leite humano.

A rede estadual de apoio é composta por 11 Bancos de Leite Humano (BLH) e um Posto de Coleta (PCLH), localizados em Salvador, Feira de Santana, Itabuna, Jequié, Vitória da Conquista, Guanambi e Barreiras. No entanto, de acordo com a Secretaria, duas dessas unidades estão com estoques em nível crítico: a Maternidade Professor José Maria de Magalhães Netto, na capital baiana, e o Hospital do Oeste, em Barreiras.

De acordo com a Dra. Ana Paz, médica responsável pelo Banco de Leite do Iperba, em Salvador, o leite materno é fundamental para os bebês até os primeiros seis anos de vida e serve como vacina na proteção de doenças tanto para a criança, quanto para as mães. 

"O leite materno proporciona vários benefícios da alimentação para o bebê. O primeiro deles é a proteção em relação a várias doenças. O leite materno funciona como uma vacina para o bebê, ele fica protegido de várias doenças do ponto de vista infeccioso, doenças respiratórias, doenças do sistema digestivo, e a mãe também tem proteção contra a menor chance de ter câncer de mama, diabetes, hipertensão, além de ajudá-la a perder peso mais rápido. E, sobretudo, o vínculo dessa mãe com o bebê, que é formado e ele é mantido de uma forma muito mais rápida e assegurada quando ocorre a amamentação", explicou a especialista. 

O período da gestação pode desencadear uma série de problemas na mãe, o que pode impedi-la de amamentar seu filho, que pode nascer prematuro ou com baixo peso. Nesses casos, o leite humano se torna ainda mais essencial e, principalmente, a doação dele para o desenvolvimento do bebê. Ao Farol da Bahia, a médica pontuou que diversas situações podem interferir na produção do leite das mães, que precisam do líquido para alimentar seus bebês.

"As mães que têm bebês prematuros e de baixo peso elas são muito impactadas pelo nascimento dessas crianças e muitas vezes essa mãe também está com algum problema, ela pode ser hipertensa, diabética, pode ter depressão pós-parto ou ter tido uma complicação, como uma eclampsia. Essas mães muitas vezes não produzem leite que seja suficiente nos primeiros dias para alimentar esses bebês e esses recém-nascidos precisam receber leite humano, que é o ideal para alimentá-los", disse. 

"Nesse caso, as mulheres que têm um excedente de leite, que estão saudáveis, podem e devem doar leite para alimentar essas crianças. O ideal seria que mães da mesma idade gestacional pudessem estar doando para esses bebês", completou à reportagem. 

Amamentação exclusiva e cuidados necessários

A especialista da Sesab alertou para o período exclusivo que a mãe deve se dedicar a amamentar o bebê, sem a necessidade de incluir água ou qualquer tipo de outro alimento. "A idade ideal para uma alimentação com leite materno exclusivo são de seis meses, conforme a OMS [Organização Mundial de Saúde]. Então, se o bebê nasce com 36 semanas, ele seria amamentado por sete meses até completar os seis meses de idade corrigida. Essa alimentação deveria durar dois anos ou mais, já que fica por conta da decisão da mãe e da criança, conforme a responsabilidade e o desejo dela de continuar amamentando", detalhou Dra. Ana. 

Ao reforçar o cuidado de não oferecer água antes dos seis meses de vida do bebê, a médica pontuou que a bebida pode parecer inofensiva, mas pode ser fonte de contaminação para o recém-nascido. "No primeiro ano de vida, a alimentação principal é o leite materno. Não existe nenhuma necessidade de oferecer água aos bebês antes dos seis meses de vida porque mais de 80% do leite humano é composto de água. Não deve ser oferecido água porque ele pode servir, inclusive, de uma fonte de contaminação. É completamente desnecessário", alertou.

Questionada sobre a prática da amamentação cruzada, muito conhecida em termos populares como "mãe de leite", que é quando uma mulher amamenta outro bebê que não é o seu filho, a médica afirmou que não é recomendada e que a ação pode oferecer riscos de transmissão de doenças para a criança que recebe o alimento. "Essa mãe só pode oferecer leite para outro bebê se esse leite for submetido a um sistema de pasteurização através de um banco de leite. Não é recomendado, de forma nenhuma, que um bebê seja amamentado no peito de uma outra mulher", disse a doutora. 

Como fazer doação de leite humano 

De acordo com a Sesab, qualquer mãe que esteja amamentando, saudável e sem uso de medicamentos que interfiram no processo, pode se tornar doadora. Conforme a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR), um litro de leite materno doado pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia. A depender do peso do prematuro, 1 ml já é o suficiente para nutri-lo cada vez que for alimentado. Logo, não há uma quantidade mínima para doação.

A interessada em realizar a doação deve procurar o banco de leite humano mais próximo ou entrar em contato pelo Disque Saúde, no número 136. Segundo a instituição, a doação de frascos apropriados para a coleta do líquido também é bem-vinda. O material deve ser de vidro apenas com tampa plástica rosqueável, similar aos de café solúvel.

Salvador – Hospital Geral Roberto Santos – (71) 3117-7532 ou (71) 98225-5493
Salvador – Maternidade Climério de Oliveira – (71) 3283-9264
Salvador – IPERBA – (71) 3103-9304
Salvador – Maternidade de Referência Professor José Maria de Magalhães Netto – (71) 3111-9350
Salvador – Posto de Coleta de Leite Humano (PCLH) na Maternidade Tsylla Balbino – (71) 3116-2086
Feira de Santana – Hospital Estadual da Criança (75) 3602-0630
Feira de Santana – Hospital Municipal Inácia Pinto dos Santos – (75) 3602-7156
Itabuna – Hospital Manoel Novaes – (73) 3214-4346
Vitória da Conquista – Hospital Municipal Esaú Matos – (77) 3420-6237