Alcolumbre foi o maior beneficiado com drible ao orçamento secreto, com uma fatia de R$ 264 milhões
Valor é 26% do total de R$ 1 bilhão em recursos da Defesa a 24 políticos
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
O senador Davi Alcolumbre (UB) foi o parlamentar que mais se beneficiou de uma manobra que distribuiu R$ 1 bilhão do caixa do governo Bolsonaro para redutos eleitorais do centrão. As informações são do portal Uol, que conseguiu acesso aos dados via Lei de Acesso à Informação (LAI).
O político foi o que mais indicou verbas para obras de infraestrutura bancadas pelo Ministério da Defesa, conforme um levantamento com base em uma tabela da pasta. Foram R$ 264 milhões em seu nome (26% do total).
A lista também consta outros 23 nomes de senadores e deputados do centrão, totalizando R$ 1,031 bilhão. A manobra driblou uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que barrou o "orçamento secreto", do qual Alcolumbre era um dos principais articuladores.
Alcolumbre afirmou à reportagem, por meio de nota, que "desconhece qualquer sistema paralelo de distribuição de recursos no âmbito do Ministério da Defesa" e que apoia os investimentos da pasta "seguindo os critérios legais e transparentes".
Segundo a publicação, o senador foi responsável por articular a eleição de Rodrigo Pacheco (PSD) como seu sucessor na presidência do Senado, mas permaneceu como o operador do orçamento secreto. Atualmente, ele comanda a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por dois mandatos seguidos, e já está em campanha pela Presidência da Casa Legislativa em 2025.
Apesar de negar que tenha direcionado recursos às obras em seus redutos eleitorais, Davi fez questão de deixar claro em visita aos locais e nas redes sociais que foi o responsável por apadrinhar.
Um dos exemplos é a construção de passarelas no distrito de Bailique, em Macapá, que recebeu R$ 3 milhões via Defesa. O nome "senador Davi" aparece em uma descrição secundária do convênio, no site do governo federal onde consta a obra.
Assim que o ministério liberou a primeira parcela da verba destinada à obra (R$ 600 mil), em julho, Alcolumbre anunciou em suas redes sociais.
Das dez prefeituras que mais receberam verbas para obras da Defesa, cinco estão no Amapá. Uma delas é Pedra Branca do Amapari, que ficou com R$ 31,5 milhões. Na campanha de 2022, por exemplo, a prefeita Beth Pelaes (UB) gravou um vídeo de apoio a senador dizendo a seguinte frase: "Eu vi, eu vivi, eu sou Davi".
Confira a lista dos 24 parlamentares
Expedito Netto (PSD-RO);
Joaquim Passarinho (PL-PA);
Eduardo Campos*;
Silas Câmara (Republicanos-AM);
Mailza Gomes (PP-AC)
Lucas Barreto (PSD-AP)
Nicoletti (União Brasil-RO)
Carlos Henrique Gaguim (União Brasil-TO);
Acir Gurgacz (PDT-RO);
Sérgio Petecão (PSD-AC);
Plínio Valério (PSD-AM);
Kátia Abreu (MDB-TO);
Profª Dorinha Seabra (União Brasil-TO);
Senador Carlos Fávaro (PSD-MT);
Eduardo Braga (MDB-AM);
Jayme Campos (União Brasil-MT);
Nelsinho Trad (PSD-MS);
Eduardo Gomes (PL-TO);
Marcos Rogério (PL-RO);
Hugo Leal (PSD-RJ);
Chico Rodrigues (PSB-RR);
Omar Aziz (PSD-AM);
Mecias de Jesus (Republicanos-RR); e
Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
*Não foi encontrado um parlamentar com este nome. A referência mais próxima na política é do político Eduardo Campos, falecido em 2014, após queda de seu jato em Santos (SP).