Além do 'ho! ho! ho!', rotina dos Papais Noéis é marcada por maratona de trabalho e histórias emocionantes
Personagem propaga clima natalino em shoppings de Salvador
Foto: Divulgação/Shopping Paralela
O Natal chegou e o clima natalino perpetuado por famílias de todo o mundo toma conta dos grandes centros comerciais. A magia dessa época do ano é cercada por um universo de fantasias que reafirma anualmente a importância do personagem mais célebre do Natal: o Papai Noel. Embora a história do bom velhinho seja rodeada de questionamentos, o personagem é um dos símbolos natalinos mais vistos durante o mês de dezembro e disparadamente o mais querido pelas crianças.
Há mais de 10 anos, o empresário e bombeiro Agibel Bruno, de 65 anos, trabalha como Papai Noel no Shopping Paralela, em Salvador. Apaixonado por crianças, ele contou ao Farol da Bahia que decidiu fazer o papel do bom velhinho por acaso e se apaixonou pela profissão.
“Estava na Chapada Diamantina dando aula de resgate em caverna e, consequentemente, não fiz a barba nem o cabelo porque estava no mato. Quando cheguei em casa, uma vizinha disse: ‘Poxa, você está parecendo o Papai Noel. Não faz mais a barba?’. Eu prontamente expliquei onde estava e ela disse que trabalhava como Mamãe Noel em um lugar que estava precisando de um Papai Noel”, explicou Bruno. “Eu não tinha experiência, mas como já trabalhava com crianças decidi fazer a entrevista e passei. Isso aconteceu há 12 anos”, completou.
Ao decorrer do ano, a rotina de Agibel é agitada. Por isso, apesar de o trabalho nos shoppings ser intenso nos últimos meses do ano, ela afirma que lida com tranquilidade com a maratona natalina. “Neste ano, são 50 dias de trabalho. Em relação ao preparo físico para incorporar Papai Noel, já tenho normalmente porque sou escalador, trabalho com resgate em altura, faço rapel e trilhas. Então, já tenho um preparo legal. Não tenho muito problema físico para encarar a rotina de Papai Noel, é tranquilo”, afirmou.
Para Agibel Bruno, o maior desafio da profissão é driblar o emocional. É importante, segundo ele, estar preparado para lidar com diferentes tipos de história e, através da figura do bom velhinho bondoso, propagar palavras de esperança e conforto para quem precisa. “Criança é muito bom, mas também é uma loucura. Ao mesmo tempo que você está rindo, um pedido triste pode fazer você chorar. De todos os lados, você tem o que a criança está querendo e o que de fato ela poderá receber. É complicado”, disse Bruno.
Durante esses 12 anos de profissão, o pedido que mais tocou o Papai Noel foi feito por uma criança de oito anos que queria ter o pai de volta. “Ele me pediu que trouxesse o pai dele para casa. Tive, claro, que sentar e conversar com essa criança. Naquele momento, não tinha fila e deu tempo de explicar que agora ele tinha duas casas para ir e que o papai e a mamãe dele não deixariam de o amar. As pessoas pensam que é só 'ho! ho! ho!' e tirar foto, mas não é bem assim. Nós temos uma gama de emoções muito grande”, explicou.
Apesar dos desafios que cercam o Papai Noel, Agibel afirmou que assumir o papel do bom velhinho é gratificante. Após dois anos severos de pandemia, a expectativa para o Natal deste ano é grande. “Em dezembro, as crianças começam a sair de férias, o que deixa os shoppings mais cheios. É importante reforçar que a criança é a parte mais importante de tudo isso. Eu diria que o Papai Noel é a figura responsável por levar esperança e trazer alegria para a criançada”, concluiu.
Foto: Divulgação/Shopping Paralela
Verdadeiro significado
A magia do Natal também é reforçada e propagada pelo engenheiro químico Roberto Sales, de 72 anos. Há quatro anos trabalhando como Papai Noel no Shopping Salvador, na capital baiana, ele lembra que o Natal, celebrado no dia 25 de dezembro, comemora o nascimento de Jesus Cristo.
“O Natal é nascimento. É importante que as pessoas entendam que a figura do Papai Noel é mais um folclore para abastecer o comércio. Para as crianças, no entanto, essa figura é muito específica e relevante. É incrível ver o entusiasmo delas. Tem crianças que encontram o Papai Noel com lágrimas nos olhos. A emoção é muito grande”, disse Sales.
“Quando incorporo a figura do Papai Noel me preparo para desempenhar um bom serviço, mas o que me ajuda é que gosto muito de criança. Para ser Papai Noel, é preciso ter vocação e gostar de criança. Para este ano, desejo um Natal sensacional para todas as pessoas. Que o verdadeiro significado não seja esquecido”, completou.
Foto: Divulgação/Salvador Shopping