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Aliança contra China prevê expansão e pode agregar o Japão

Corrida para aumentar a aliança lembra o que ocorreu com a Otan nos anos 1990

Por Da Redação
Ás

Aliança contra China prevê expansão e pode agregar o Japão

Foto: Alan Santos/PR

A Aukus, aliança de defesa anti-China fundada em 2021 por Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, deu o primeiro passo para atrair novos membros, começando pelo Japão. Os aliados correm contra o tempo, diante das possibilidades concretas de Donald Trump voltar à Casa Branca ou a China invadir Taiwan.

“Reconhecendo as forças do Japão e suas estreitas parcerias bilaterais com os três países, estamos considerando a cooperação com o Japão no Pilar 2 da Aukus para projetos de capacidade avançada”, informa documento assinado nessa segunda-feira pelos secretários de Defesa americano, britânico e australiano.

O encontro precedeu reunião de cúpula na quarta-feira do presidente dos EUA, Joe Biden, e do primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, que no dia seguinte discursará no Congresso americano. Na quinta-feira, será a vez de Biden reunir-se com Ferdinand Marcos, presidente das Filipinas, outro país ameaçado pelo expansionismo chinês.

O Pilar 2 da Aukus prevê o compartilhamento de alta tecnologia de uso militar, incluindo computação quântica, inteligência artificial, guerra cibernética, armas submarinas e hipersônicas. Já o Pilar 1, que não inclui o Japão por ora, diz respeito ao fornecimento de submarinos de propulsão nuclear para a Austrália.

O Japão já está integrado no âmbito da defesa aos Estados Unidos e à Austrália , por meio do Diálogo Quadrilateral de Segurança (Quad), que inclui também a Índia, outro importante rival regional da China.

Criado em 2007, o Quad tem promovido exercícios militares conjuntos de dimensões sem precedentes no Pacífico. Entretanto, ele não prevê o compartilhamento de tecnologia militar, como faz a Aukus.

A Constituição do Japão permite apenas atuação defensiva de suas forças militares. Diante das ameaças da China e da Coreia do Norte, bem como de Trump, de não honrar os compromissos de defesa mútua dos Estados Unidos, o Japão tem elevado seus gastos militares e se preparado para um eventual confronto.

Os integrantes da Aukus, no entanto, esperam que os japoneses aprovem novas leis de proteção de informação sensível para a segurança nacional, antes de firmar uma parceria de compartilhamento de tecnologia de uso militar com eles.

Em fevereiro, o governo japonês anunciou que proporia projetos de lei para lhe permitir classificar um conjunto mais abrangente de informações como confidenciais. E prometeu também reforçar a segurança cibernética, com a criação de um efetivo de 20 mil agentes dedicados a essa tarefa.

De sua parte, Reino Unido e Austrália, aliados muito próximos dos Estados Unidos, reclamam de leis americanas que restringem o acesso desses e outros países a tecnologia sensível à segurança nacional. Os três países formam, com Canadá e Nova Zelândia, o grupo Cinco Olhos, de compartilhamento de informações de espionagem.

A expansão da Aukus para o que já está sendo chamado de Jaukus não deve parar no Japão. A corrida para ampliar a aliança, considerada uma ameaça pela China, lembra o que aconteceu com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nos anos 90.

Naquele momento, a unificação da Alemanha e o fim da União Soviética levaram a uma corrida dos países do Leste Europeu em direção à Otan, para se proteger contra o recorrente expansionismo russo. As invasões da Geórgia em 2008 e da Ucrânia em 2014 e 2022 provaram que os temores daqueles países eram fundados.

Taiwan é o único país efetivamente ameaçado de invasão pela China. Com relação às outras nações do Indo-Pacífico, a ameaça chinesa assume a forma de disputas por arquipélagos, como Senkaku, do Japão, e Spratly das Filipinas. 

Além disso, a Força Aérea e a Marinha da China realizam cotidianamente incursões agressivas nos mares do Leste e do Sul da China, para controlar rotas de navegação e áreas de pesca e de exploração de recursos minerais.

Assim como ocorreu com os países do Leste Europeu, as nações do Pacífico também vivem o dilema entre se organizar de forma mais explícita para se defender, de um lado, e provocar a agressividade da potência imperialista, de outro. A experiência da Ucrânia mostra que é melhor se preparar para o pior.

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