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América Latina precisará investir US$ 20 trilhões em ativos verdes para alcançar emissões líquidas zero até 2050

Estudo da consultoria McKinsey revela que a região deve elevar investimentos em ativos verdes para cumprir metas do Acordo de Paris

Por Da Redação
Ás

América Latina precisará investir US$ 20 trilhões em ativos verdes para alcançar emissões líquidas zero até 2050

Foto: Reprodução/Ella Ivanescu/Unsplash

Para atingir a meta de zerar as emissões líquidas de carbono até 2050, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris, a América Latina enfrenta um desafio financeiro significativo. Um estudo realizado pela consultoria McKinsey revela que a região precisará aumentar seus investimentos em ativos verdes em impressionantes US$ 20 trilhões. Essa cifra é necessária para impulsionar a descarbonização de atividades altamente poluentes na área.

De acordo com o relatório, alcançar o estado de emissões líquidas zero nos próximos 27 anos demandará um gasto total anual de cerca de US$ 700 bilhões em ativos de transição energética, equivalente a 9,4% do Produto Interno Bruto (PIB) regional. Tatiana Sasson, sócia associada da McKinsey e uma das responsáveis pela pesquisa, ressalta que essa estimativa considera um cenário otimista:

Sasson afirma que é possível alcançar o zero líquido com investimentos menores, mas isso resultaria em um processo mais gradual e com impacto limitado em outras regiões do mundo. "A projeção já considera a tendência de redução dos custos das tecnologias verdes no longo prazo. Se levassemos em conta os custos atuais, a cifra seria ainda maior".

Os setores de transporte e mobilidade (US$ 8,18 trilhões), energia (US$ 3,06 trilhões) e construção (US$ 2,15 trilhões) estão entre os mais demandantes de investimentos verdes, de acordo com a análise da consultoria. Elias Goraieb, sócio sênior da McKinsey, explica que esse cálculo foi obtido ao considerar o custo associado à descarbonização das principais fontes de emissões na América Latina: "Esse mapeamento é resultado de uma análise cruzada entre as dinâmicas de cada setor e as tecnologias disponíveis para promover essa descarbonização. As necessidades de financiamento variam conforme o segmento", explica Goraieb.

O relatório também destaca que o Brasil (34%) e o México (19%) devem centralizar a maior parcela dos investimentos voltados para a descarbonização na América Latina até 2050. Os analistas reforçam que essa pauta deve ter prioridade na região, dada a vulnerabilidade dos países latino-americanos.

Um estudo do McKinsey Global Institute que avaliou o perfil de risco climático na América Latina, sob condições de altas emissões, evidenciou que a região enfrenta exposição severa a eventos climáticos extremos, como ondas de calor, umidade, secas e degradação do ecossistema. Dos 50 países mais suscetíveis a choques climáticos, 13 estão na América Latina, conforme indica relatório do Banco Mundial citado pela McKinsey.

Elias Goraieb, sócio sênior da McKinsey, destaca que, além da necessidade de atrair investimentos para mitigar os riscos climáticos, a América Latina possui características cruciais para contribuir com a transição energética global.

O estudo identifica quatro oportunidades de destaque: recursos minerais, como o lítio e outros relevantes para a transição energética; energia renovável, com potencial de geração e exportação; biocombustíveis líquidos, que podem apoiar sistemas de transporte regionais e globais; e florestas, com potencial para compensação de emissões.

As discussões sobre investimentos climáticos também ocupam papel central na Cúpula da Amazônia, realizada em Belém. Recentemente, uma aliança entre 19 instituições bancárias foi anunciada visando ao financiamento do desenvolvimento sustentável na Amazônia. Esse tema também integra a agenda da COP28, programada para iniciar em novembro, em Dubai.

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