Análise revela detalhes médicos sobre a saúde de Dom Pedro I, Dona Leopoldina e Dona Amélia
Os restos mortais dessas figuras históricas permanecem na cripta do Monumento à Independência, em São Paulo
Foto: Rodrigo Avila/Reprodução
Uma pesquisa arqueológica conduzida pela Universidade de São Paulo (USP), iniciada em 2012, revelou detalhes médicos sobre os últimos anos de vida do primeiro imperador do Brasil, Dom Pedro I, e suas duas esposas no século 19. Os restos mortais dessas figuras históricas permanecem na cripta do Monumento à Independência, em São Paulo, e foram minuciosamente analisados pelos pesquisadores.
Os primeiros resultados da tese de doutorado da historiadora e arqueóloga Valdirene Ambiel, orientada pelo professor Carlos Augusto Pasqualucci, foram divulgados em 2023, revelando aspectos surpreendentes das condições médicas enfrentadas pelo casal imperial e sua segunda esposa.
A pesquisa envolveu uma extensa bateria de exames, incluindo tomografias, que revelaram doenças ósseas e calcificações resultantes de traumas. Além disso, imagens em 3D das arcadas dentárias e dos restos mortais foram fundamentais para desmentir lendas urbanas, como a causa da morte da imperatriz Leopoldina e o suposto nariz quebrado de Dom Pedro I.
O estudo permitiu a recriação dos rostos do imperador e suas esposas a partir de 20 mil imagens obtidas dos restos mortais, combinadas com referências em pinturas da época.
A análise odontológica revelou uma série de problemas enfrentados pelo imperador, incluindo cáries, trauma nos dentes e desalinhamentos. No entanto, surpreendentemente, constatou-se que ele mantinha uma boa higiene oral e acesso a tratamentos de qualidade, indicados pelas restaurações em material metálico, possivelmente ouro.
No caso de Dona Leopoldina, os estudos detectaram uma série de problemas estruturais e dentários, como cáries, atrofia óssea e perda de dentes. A análise funcional da mandíbula revelou dificuldades na mastigação devido à perda dentária.
Quanto à segunda esposa de Dom Pedro I, Dona Amélia, a pesquisa revelou que ela sofreu de doença periodontal avançada e perdeu a maioria de seus dentes antes de falecer. Além disso, foram identificadas lesões na coluna, indicando anos de dificuldades na locomoção e fortes dores.
O estudo concluiu que a imperatriz pode ter vivido seus últimos anos acamada, devido às lesões na coluna e possíveis sintomas de insuficiência cardíaca.