Anielle Franco fala da morte de Marielle: 'Por que minha irmã?'
Ministra falou das novas revelações na investigação da morte da vereadora
Foto: José Cruz/Agência Brasil
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, comentou, nesta segunda-feira (24), sobre as novas revelações do assassinato da sua irmã, a vereadora Marielle Franco. Ela disse que as novas revelações do caso representam um passo importante no assunto, mas que não tem o sentimento de que o caso esteja encerrado.
"A gente tem o sentimento de que a gente não pode parar de lutar e, enquanto família, espero que a gente dê alguns passos em principalmente entender por que a minha irmã? E quando a gente não sabe essa resposta, quer dizer que qualquer mulher negra hoje que esteja no poder, ou que coloque o seu corpo nesse lugar de luta, também podem vir a ser uma vítima dessa violência política", disse, aos prantos, em entrevista à GloboNews.
Anielle também lembrou que o aniversário de Marielle está chegando e que a volta do assunto mexeu com ela.
"Uma mistura de sentimentos. Eu achei que fosse estar tranquila para essa entrevista, mas não estou. A gente tem trabalhado muito, pois estamos em uma semana importante, que seria o aniversário da Mari e receber essa notícia mexe com a gente e estou em um turbilhão de sentimentos", afirmou.
Novas revelações do caso Marielle
O ex-policial militar Élcio de Queiroz admitiu, em delação premiada, a participação dele, do ex-policial Ronnie Lessa e do ex-bombeiro Maxwell Simões na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A informação foi divulgada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, nesta segunda-feira (24), em coletiva de imprensa.
Ao lado do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e do diretor do Sistema Penitenciário Federal substituto, Renato Vaz, Dino explicou que Élcio confessou a participação no assassinato e detalhou a ação criminosa.
Élcio confirmou que ele foi o responsável por dirigir o carro usado no ataque e que Ronnie foi quem fez os disparos de submetralhadora contra Marielle. O ex-bombeiro, preso nesta segunda, também teria participação no crime.
“Tivemos uma delação, uma colaboração premiada, do senhor Élcio Queiroz – como todos os senhores sabem, há alguns anos essa investigação gira em torno desses dois personagens: Ronnie e Élcio. Nessa delação, o senhor Élcio revelou a participação de um terceiro indivíduo, que é o Maxwell, e confirmou a participação dele mesmo e do Ronnie Lessa”, afirmou o ministro, em coletiva de imprensa.
Segundo Dino, o depoimento conclui esta fase da investigação, “com a confirmação de tudo o que aconteceu na execução do crime”. No entanto, segundo o ministro há, “sem dúvidas, a participação de outras pessoas”.
Sendo assim, apenas parte do crime foi desvendado. Os mandantes e a motivação dos assassinatos, ocorridos em 14 de março de 2018, seguem desconhecidos.