Apenas 3,5% dos estudantes de medicina no Brasil são pretos, aponta levantamento
Censo realizou a pesquisa com cerca de 266 mil alunos em 407 escolas
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
De acordo com dados divulgados pelo Censo da Educação Superior, realizado pelo Inep/MEC em 2023, os cursos de medicina ainda são frequentados predominantemente por estudantes brancos, mesmo com a admissão de políticas afirmativas no Brasil. Em um total de 266 mil alunos em 407 escolas, só 3,5% se declaram pretos, assim como 25,8 afirmam ser pardos e 68,6% alegam que são brancos. Outros 1,8% se declaram de cor amarela, e 0,4% são indígenas.
Privados e Públicos
Nas 407 universidades, 284 cursos são privados, o percentual cai. Apenas 2,2% dos estudantes se declaram pretos. Outros 22,3% são pardos e 73,6%, brancos. Além de 1,7% se declaram de cor amarela e 0,2%, indígenas.
Já os cursos públicos, com cerca de 123, têm o percentual mais elevado durante os estudos. 7,4% se declaram pretos, ou seja, é três vezes maior em comparação com os cursos privados, 37% dizem que são pardos e 52,2% afirmam que são brancos. Outros 2,2% são amarelos e 1,1%, indígenas.
Os percentuais não se assemelham com a diversidade da população brasileira, em que 10,2% se declaram pretos, 45,3%, pardos, 43,5% dizem que são brancos, 0,6%, indígenas e 0,4%, amarelos.
Assim, a maior presença de negros, amarelos e indígenas nas faculdades públicas aconteceu pelo fato de a lei de cotas, aprovada em 2012, ter vinculado instituições federais à reserva de vagas, com as estaduais adotando a mesma política na sequência.
Além dos cursos, as residências médicas também refletem nos números baixos para médicos pretos. Para a maioria, 70,1% se declaram brancos, apenas 3% pretos e 24,5% pardos. Outros 1,7% afirmam ser da cor amarela, 0,1% são indígenas e 0,6% não sabem ou não quiseram responder.
O Censo destaca que pretos e pardos continuam sub-representados na medicina, tanto pela graduação quanto nas residências médicas.