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Após 25 anos preso, o 'atirador do cinema' do Shopping Morumbi é solto na Bahia

Mesmo em liberdade, juíza pondera que o seu tratamento seja mantido; confira as restrições de Mateus da Costa

Por Da Redação
Ás

Após 25 anos preso, o 'atirador do cinema' do Shopping Morumbi é solto na Bahia

Foto: Reprodução/RedesSociais

O baiano e ex-estudante de Medicina Mateus da Costa Meira, conhecido como o 'atirador do cinema', foi solto após 25 anos preso por matar três pessoas e ferir outras 4 no cinema, no Morumbi Shopping, em São Paulo. Ele foi considerado "apto para desinternação", segundo o laudo dos peritos do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Estado da Bahia (HCT). No entanto, a liberdade de Mateus não é uma decisão definitiva. 

Em 1999, quando a sentença foi dada pela Vara de Medidas Alternativas de Salvador (VEPMA), ele tinha sido diagnosticado com esquizofrenia. Hoje, com 49 anos, ele foi submetido a "exame de cessação de periculosidade", ou seja, uma avaliação que visa determinar o risco de violência que uma pessoa representa para a sociedade.

Embora os peritos do HCT tenham concluído que Mateus "goza de plenas condições de desinternação e retorno ao convívio social e familiar", como diz o trecho da decisão judicial que põe Mateus em liberdade, a juíza Marcela Pomponet pondera que o tratamento dele seja mantido "em ambiente extra-hospitalar em rede privada vinculada ao seu plano de saúde, com sugestão do acompanhamento pelo Hospital-Dia".

O Hospital-Dia oferece assistência intermediária entre a internação hospitalar ambulatorial, facilitando a reintegração do paciente à sociedade. O tratamento é oferecido a quem sofre com transtorno psiquiátrico ou dependência química. 

A unidade deverá enviar relatório mensal para a VEPMA, informando a evolução do tratamento imposto ao paciente, razão pela qual determino à direção do Hospital de Custódia e Tratamento que enviei ao hospital adequado cópia da decisão, acompanhada do laudo do exame de cessação de periculosidade e da lista de medicamentos ministrados durante o período de internação do paciente e observação das recomendações constantes do laudo.  

Mateus ficará um ano "sob prova", conforme também ponderou o Ministério Público do Estado (MPBA). "Caso pratique algum ato indicativo de sua periculosidade - que não precisa ser um fato típico e antijurídico -, poderá voltar à situação anterior", diz trecho da sentença, que esclarece em seguida que Mateus terá que cumprir algumas obrigações.

Restrições 

• Além de submeter-se a tratamento extra-hospitalar em rede privada, com acompanhamento no Hospital-Dia, ele não poderá mudar de endereço sem comunicação prévia à Justiça; 

• Manter boa relação com amigos, familiares e estranhos; respeitar as determinações das autoridades civis e militares; 

• Permanecer em recolhimento domiciliar noturno (das 22h às 6h), exceto em emergências ou urgência médica ou desastre; não ingerir bebidas alcoólicas, nem consumir drogas ilícitas; 

• Não frequentar bares, casas de jogos e festas populares; não portar armas; 

• Procurar a VEPMA ou a Comarca onde fixar residência, sempre que tiver alguma dúvida a respeito do processo que não possa ou não saiba resolver.  

O documento também diz que, de acordo com "as novas diretrizes estabelecidas pela política antimanicomial, a medida de segurança, na modalidade de internação, é providência excepcional a ser adotada pelo Poder Judiciário, admissível quando os recursos extra hospitalares se mostrarem insuficientes".

Entenda o caso

O ex-estudante de Medicina Mateus da Costa Meira, conhecido como 'Atirador do Cinema', foi preso após usar uma submetralhadora e matar três pessoas e ferir outras quatro que assistiam a um filme no Shopping Morumbi, em São Paulo, em novembro de 1999 - o caso ficou conhecido como o 'Massacre no Morumbi Shopping'. Ele ficou 25 anos preso, até o dia 18 deste mês, quando a sentença foi dada pela Vara de Medidas Alternativas de Salvador (VEPMA). 

Testemunhas contaram que Mateus começou a assistir ao filme Clube da Luta na primeira fila. Ele então levantou e foi ao banheiro, onde tirou a arma de uma bolsa e resolveu testá-la atirando no espelho, aparentemente contra a própria imagem, com sua submetralhadora americana Cobray M-11.

Depois disso ele voltou à sala de projeção, ficou de frente para a plateia e começou a atirar. Quem estava na primeira fila viu antes que se tratava de tiros reais e se abaixou, enquanto os demais acreditavam que os disparos eram do filme. A sala permaneceu escura.

A fotógrafa Fabiana Lobão Freitas, 25 anos, morreu na hora. O economista Júlio Maurício Zeimaitis, 29, chegou ao hospital com vida, mas não resistiu. A publicitária Hermé Luísa Jatobá Vadasz, 46, também não resistiu aos ferimentos na cabeça.

Os cinco feridos por balas ou estilhaços ficaram fora de perigo. Dessa tragédia, resultaram três mortos, quatro pessoas feridas e mais quinze em pânico. Testemunhas também relataram ainda que os tiros duraram cerca de três minutos.

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