Após baixo desempenho do PL na Bahia em 2024, Cezar Leite defende João Roma: ‘líder da direita indicado por Bolsonaro'
Em entrevista ao Farol da Bahia, vereador eleito analisa cenário eleitoral e futuro na Câmara de Salvador
Foto: Farol da Bahia
O cirurgião vascular Cezar Leite, de 50 anos, é um dos dois vereadores eleitos pelo PL nas eleições deste ano e retornará à Câmara Municipal de Salvador (CMS) em 2025, oito anos após a última vitória nas urnas.
Em entrevista ao Farol da Bahia, o bolsonarista comentou sobre o fraco desempenho do PL no pleito e defendeu o presidente do partido na Bahia, João Roma, que tem sido alvo de críticas após conseguir eleger apenas um prefeito no estado em 2024. Nas últimas eleições, o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro fez 20 prefeituras na Bahia.
Para o vereador eleito, não é justo atribuir a Roma a responsabilidade pela campanha dos candidatos. Segundo ele, todos os filiados ao partido receberam suporte adequado, tanto em tempo de TV quanto em recursos financeiros.
“Os candidatos do PL não podem reclamar de fundo eleitoral, pois receberam muito dinheiro para fazer campanha, e também não podem reclamar do tempo de TV. Agora, a eleição é uma surpresa. Não se pode estabelecer o resultado com base no que você recebeu, mas sim em como reverter isso em voto", disparou.
“Não adianta ter muito dinheiro se não tem as alavancas certas para utilizar. [...] Não é por conta dessa redução que devemos jogar fora todo o trabalho que vem sendo feito. João foi um dos principais ministros de Bolsonaro e é o líder da direita indicado por ele. Não tem como jogar todos os candidatos no colo do presidente, quando eles também têm responsabilidade. O que eles fizeram ou deixaram de fazer para vencer?”, continuou.
Cezar defendeu a necessidade de uma análise minuciosa dos resultados para que, nas próximas eleições, o partido possa corrigir os erros e aumentar o número de candidatos eleitos.
“O partido precisa fazer uma análise disso e João tem completa competência. Agora, jogar tudo no colo dele não dá. [...] Na vida, tem ganhos e perdas. Se houve perdas, temos que sentar e analisar o que aconteceu para corrigir”, reforçou o bolsonarista.
Enfraquecimento da oposição na Câmara
O saldo das eleições municipais em Salvador foi negativo para o PT, que não conseguiu eleger Geraldo Júnior (MDB) e viu a bancada na Câmara Municipal ser reduzida significativamente. Atualmente, o partido conta com quatro vereadores, mas terá apenas Marta Rodrigues a partir de janeiro de 2025.
Ao ser questionado sobre o enfraquecimento da oposição na Casa Legislativa na próxima legislatura, Cezar Leite destacou que, apesar da redução da bancada, os opositores que permanecerão são bastante combativos.
"A oposição não é só o PT. O PSOL cresceu, com duas cadeiras, e o PCdoB e o PSB também [têm representação]. Embora sejam menos em termos quantitativos, são combativos. Além disso, o governo do Estado acaba dando um auxílio para esses vereadores", afirmou.
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Cezar Leite também criticou o PT, afirmando que o enfraquecimento da legenda não deve ser avaliado apenas pela redução de cadeiras na Câmara. Segundo ele, o governo do Estado está há muitos anos no poder e não tem apresentado resultados positivos para a população.
"Acredito que o enfraquecimento do PT se deve ao desgaste acumulado ao longo de 20 anos. O partido não entrega resultados e os piores índices que temos no Brasil, seja em segurança ou qualquer outro tema sorteado, estão na Bahia", disse o vereador eleito.
"Esse cansaço é o maior inimigo do PT. Precisamos vir firmes nos próximos dois anos para que o PT finalmente saia do governo do Estado. Do jeito que está, é perda total", completou.
Polarização na disputa eleitoral em 2026
Apesar de os resultados das eleições deste ano terem sido bem acirrados entre candidatos da esquerda e da direita na Bahia, Cezar Leite afirmou que é necessário considerar vários cenários para determinar se o próximo pleito será polarizado no estado.
Um dos aspectos a ser analisado é se o presidente Lula (PT) será candidato à reeleição e se Bolsonaro (PL) conseguirá reverter a inelegibilidade. Outro fator importante, segundo ele, é identificar as novas lideranças da esquerda e da direita.
“Se Lula e Bolsonaro vierem candidatos, a polarização vai existir novamente. Se Bolsonaro não conseguir ser elegível na próxima eleição, já reduz isso. [Da mesma forma] se Lula não vier”, afirmou.
“E quem serão as novas lideranças? Boulos [deputado federal do Brasil], uma liderança fraca. Quem está vindo do lado de Bolsonaro? É o Tarcísio [governador de São Paulo]? [...] O cenário vai depender muito do que pode acontecer em 2026. No entanto, na Bahia, o PT já perdeu”, complementou.
Confira abaixo a entrevista completa:
