Economia

Após dois anos de Covid-19, renda do trabalho despenca R$ 18 bilhões no Brasil

Houve recuperação de empregos, com abertura de vagas, mas os salários seguem achatados

Por Da Redação
Ás

Após dois anos de Covid-19, renda do trabalho despenca R$ 18 bilhões no Brasil

Foto: Reprodução/R7

Em dois anos de pandemia, a massa de salários mensal despencou R$ 18 bilhões, já descontada a inflação. Por conta disso, a parcela do rendimento do trabalho precisou cair para menos de um terço do PIB. Segundo um cruzamento realizado pela Corretora Tullet Prebom Brasil, a parcela correspondia a 35,4% do PIB em fevereiro de 2020, antes da pandemia, e baixou para 30,2% em abril de 2021.  

No entanto, apesar da recuperação dos empregos, com abertura de vagas, os salários foram achatados. O país nunca registrou tantos trabalhadores que recebem apenas um mínimo. De acordo com a LCA Consultores, atualmente, são 33,8 milhões com esses baixos salários, 35,3% dos ocupados. Em março de 2020, eram 29,2%.

"Nunca teve tanta gente empregada ganhando até um salário mínimo. Há uma precarização do mercado de trabalho, com informalidade e subemprego, com a massa de rendimento do trabalho caindo bastante, voltando aos níveis de quatro, cinco, seis anos atrás", afirma Bráulio Borges, economista da LCA Consultores e pesquisador da FGV, ao O Globo.

Alguns fatores que explicam esse tombo são: A inflação de 10,54% nos últimos 12 meses, medida pelo IPCA, a recuperação do emprego pela informalidade e em setores que pagam menos, além de cerca de 12 milhões de desempregados.

Para especialistas, a situação só vai melhorar se a inflação cair dos atuais 10% ao ano para entre 6,5% e 7% no fim de 2022, diz Maria Andreia Parente, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com o economista da consultoria Lucas Assis, esse cenário pode mudar com a transferências do governo e do Auxílio Brasil, de R$ 400, bem acima da média de R$ 190 do Bolsa Família e com mais 3 milhões de beneficiados.

"O rendimento ainda deve continuar em queda: 4% na média do ano. Vamos para o terceiro ano seguido sem reajuste real do salário mínimo. E não há perspectiva de que isso mude até 2026. A pandemia piorou o que já era ruim. Vamos continuar com a taxa de desemprego em dois dígitos por muitos anos. As condições de vida dos brasileiros estão bastante deterioradas", diz Lucas Assis.

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