Argentina: Cocaína envenenada continha anestésico para elefantes, aponta estudos
Carfentanil, um opioide de uso veterinário mais forte que o fentanil, foi identificado tanto por perito; substância causou mortes

Foto: Getty Images
O resultado de dois estudos, realizados por especialistas independentes, apontaram que a substância misturada à cocaína, que provocou mais de 20 mortes na semana passada, na Argentina, foi o carfentanil, um um opioide de uso veterinário que é utilizado para anestesiar elefantes.
Segundo o "Clarín", que teve acesso a relatos de peritos que analisaram as substâncias, "o resultado de dois estudos de especialistas independentes chegaram à conclusão de que a substância utilizada para aumentar o cloridrato de cocaína, encontrada em várias amostras apreendidas no contexto dessas ações, é o carfentanil, um opioide extremamente forte cujos efeitos são 10 mil vezes mais fortes, ou mais forte que a heroína ou o fentanil", afirma.
O periódico também diz que a substância foi identificada tanto por peritos do laboratório da Promotoria de Munro quanto pelo laboratório da Polícia Científica de Buenos Aires. Informação que é confirmada também pelo jornal "La Nación".
O carfentanil é uma substância tão perigosa que a DEA, agência americana de combate às drogas, já publicou um comunicado orientando os agentes a não manusearem drogas se desconfiarem que contêm essa substância. A agência ressalta que o manuseio inadequado do carfentanil tem consequências mortais.
“A dose letal para carfentanil em humanos é desconhecida. No entanto, como observado, ele é aproximadamente 100 vezes mais potente que o fentanil, que pode ser fatal na faixa de 2 miligramas, dependendo da via de administração e de outros fatores”, detalha a DEA.
Ao todo, a Argentina viu 24 pessoas morrerem ao consumirem a cocaína misturada com o carfentanil, e dezenas de outras pessoas foram internadas com sintomas graves de insuficiência respiratória. Além disso, outras 200 pessoas foram a postos médicos com sintomas graves de intoxicação e centenas de outras fizeram contato com postos de saúde buscando informações sobre o assunto.
O traficante paraguaio Joaquín Aquino, conhecido como “El Paisa”, é apontado como o responsável pela distribuição da cocaína adulterada. Ele foi preso e teve uma ordem de expulsão permanente do país emitida. Outras 12 pessoas, também envolvidas na distribuição e venda da cocaína, foram detidas.