“Assassinatos morais através de sentenças”, afirma Evo Morales ao se comparar a Lula
Ex-presidente da Bolívia é investigado por supostas relações sexuais com uma menor de idade e tráfico de pessoas
Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil
Evo Morales, ex-presidente da Bolívia, se comparou a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta segunda-feira (7), após o anúncio do Ministério Público do país de que o líder indígena foi intimado a prestar depoimento na próxima quinta-feira (10).
Na rede social X, Morales, investigado por supostas relações sexuais com uma menor de idade, disse estar sendo vítima de “lawfare”, ou a instrumentalização da Justiça para fins políticos. “Já não assassinam com balas, agora promovem assassinatos morais mediante sentenças contra lideranças populares”, escreveu Morales, que governou a Bolívia entre 2006 e 2019.
O ex-presidente disse que quatro processos judiciais foram abertos contra ele desde que iniciou protestos contra o presidente Luis Arce, antes seu aliado e ex-ministro do governo, e agora rival político.
“Assim como Lula e Cristina [Kirchner], buscaremos proscrever nossa participação nos seguintes processos eleitorais para abrir o caminho para governos de direita”, relatou. Dessa forma, a prisão do presidente brasileiro, que o tirou da corrida eleitoral em 2018, e da sentença de prisão emitida contra a ex-presidente argentina por suposta corrupção na contratação de obras públicas.
A investigação
Morales é investigado por tráfico de pessoas e exploração sexual por supostamente ter tido relações com uma jovem de 15 anos em 2015, com quem teria tido uma filha. Os pais da menor também foram intimados a prestar depoimento.
Na última quarta-feira (2), a investigação contra o ex-presidente revisitou-se, depois de a promotora Sandra Guitiérrez denunciar ter sido destituída após pedir a prisão do ex-presidente. O Ministério Público do país expressou, por sua vez, que a denúncia ocorreu devido a inconsistências processuais e conformou uma comissão de promotores especializados para investigar o caso.
A investigação foi colocada em segredo de Justiça por dez dias. De acordo com ele, o atual governo utiliza contra ele “as mesmas armas” de Jeanine Áñez, presidente que assumiu após Evo ter renunciado sob pressão de militares em 2019.
“Luis Arce e seus colaboradores utilizam o mesmo caso com o qual Áñez nos perseguia por um inventado estupro de menor, rejeitado pela Justiça há vários anos”, escreveu na rede social X.
“É importante que a comunidade internacional saiba que esta perseguição judicial se une à série de processos contra líderes populares na última década”, completou.