Assessor da Univaja diz estar preocupado com a segurança dos indígenas no Amazonas
Medo, aponta entidade, aumentou após os assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips
Foto: Reprodução/Policia Federal do Amazonas
"Estamos muito preocupados com a nossa segurança. Não sabemos como será depois desse caso e como ficarão as lideranças", disse o representante e assessor jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Yuri Niwa Wani Marubo, ao jornal Correio Braziliense, após as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.
Em entrevista publicada nesta sexta-feira (17), Wani Marubo ainda declarou que as mortes de lideranças é uma "covardia" e criticou ausência de autoridades. “Mortes de lideranças –seja indígena, seja quilombola ou missionários– é uma covardia que vem ocorrendo de Norte a Sul no país”, falou. “Isso ocorre devido à ausência do Estado nos locais isolados.”
Phillips e Bruno foram vistos pela última vez em 5 de junho, na região do Vale do Javari, no Amazonas. Marubo afirmou que essa localidade tem problemas "sérios" há mais de 10 anos e disse ter aumentado no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Este governo é algo que foge da concepção, não dá suporte para nenhum dos órgãos que atuam na região: Funai [Fundação Nacional do Índio], Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] e Polícia Federal”, disse ao completar que o problema já foi relatado à Polícia Federal, Ministério Público Federal, Funai e Justiça.
Marubo disse que, com o caso, “quem ganhou foi a organização criminosa, e quem perdeu foi o Brasil, porque Bruno era a maior autoridade para o reconhecimento dos povos isolados no país”. O assessor jurídico da Unijava fazia parte da equipe do indigenista e declarou que “para preparar um homem como o Bruno leva tempo, muito tempo, não é só na faculdade”.
“A morte dele [Bruno] deixa uma lacuna enorme que nem o governo brasileiro vai conseguir preencher a curto prazo.”