Atleta olímpica ugandesa Rebecca Cheptegei morre após ser queimada pelo ex-namorado
Crime foi cometido na frente das filhas da vítima, de 9 e 11 anos
Foto: Uganda Athletics Federation
A maratonista ugandesa Rebecca Cheptegei morreu nesta quinta-feira (5), quatro dias depois de ter sido queimada pelo ex-namorado, no oeste do Quênia.
A atleta, de 33 anos, disputou a maratona nos Jogos Olímpicos de Paris em agosto. De acordo com médico que atendeu a vítima na Unidade de Terapia Intensiva, Kimani Mbugua, Rebecca teve 80% do corpo queimado.
“Os ferimentos cobriam a maior parte do corpo. Isso levou à falência de múltiplos órgãos. Fizemos o nosso melhor, mas não tivemos sucesso. Considerando as queimaduras, a esperança de recuperação era pequena”, disse em entrevista à AFP.
O suspeito, identificado como Dickson Ndiema Marangach, invadiu a propriedade de Rebecca no último domingo (1º), quando ela estava na igreja com as duas filhas. Quando a vítima retornou para casa, Dickson jogou gasolina no corpo dela e ateou fogo na frente das filhas da atleta, de 9 e 11 anos.
Segundo Joseph Cheptegei, pai de Rebecca Cheptegei, o ataque contra a filha começou por uma disputa sobre um terreno que havia comprado. "Foi o terreno que comprou que causou os problemas", disse, antes de pedir ao governo que "cuide da sua propriedade e de seus filhos".
A confederação de atletismo do Quênia afirmou que "a morte prematura e trágica é uma perda profunda" e exigiu "o fim da violência de gênero".
O presidente do Comitê Olímpico de Uganda, Donald Rukare, definiu o crime "um ato covarde e sem sentido que provocou a perda de uma grande atleta". "Condenamos de modo veemente a violência contra as mulheres", afirmou em uma publicação no X - antigo Twitter.
Feminicídios no atletismo queniano
Nos últimos anos, o atletismo no Quênia foi marcado por casos de feminicídio. Em abril de 2022, a atleta Damaris Mutua foi encontrada morta em Iten, um polo mundialmente conhecido no mundo do atletismo que fica no Vale do Rift. Suspeita-se que o companheiro a tenha matado.
Menos de um ano antes, em outubro de 2021, a atleta queniana Agnes Tirop, de 25 anos, medalhista de bronze nos 10.000 metros nos Mundiais de 2017 e 2019 e quarta colocada nos 5.000 metros nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, morreu depois de ter sido esfaqueada em casa, também no Iten.
O marido de Agnes, Emmanuel Ibrahim Rotich, está sendo processado pelo assassinato, mas nega as acusações.