Ator brasileiro Darwin del Fabro está em filme americano de terror que fala sobre a "conversão" gay
Gaúcho esteve na TV brasileira como Collete D'Or em "Ligações Perigosas"
Foto: Divulgação
O ator gaúcho Darwin del Fabro está gravando, na Georgia, nos Estados Unidos, papel principal em filme escrito e dirigido por John Logan, indicado três vezes ao Oscar, e produzido pela Blumhouse Productions. O filme, ainda sem nome divulgado, será exibido, em 2022, no canal de streaming Peacock, e é uma história de empoderamento queer ambientada em um acampamento de conversão gay. "Muito do terror do filme está na realidade do que é a "terapia" de conversão, algo que, realmente, acontece em todo o mundo. A ONU rotulou a conversão como tortura, junto a outros abusos dos direitos humanos", conta o ator, que fez sucesso na televisão, no Brasil, como Collete D'Or em "Ligações Perigosas" (2016), na TV Globo.
O filme dá um passo no que diz respeito à representação LGBTQIA+. "É importante terem escalado atores LGBTQIA+ para estes papéis porque, atualmente, há uma conversa vigorosa sobre representação em Hollywood. Atores gays, lésbicas, bi e queer ainda sofrem discriminação no emprego em Hollywood por serem abertos sobre suas identidades. Atores trans nem mesmo eram convidados para um teste, nem mesmo papéis de transgênero, até alguns anos", analisa o ator. O diretor John Logan quis ajudar a mudar isso, celebrando os atores LGBTQIA+. No elenco, estão nomes como Kevin Bacon, Anna Chlumsky, Theo Germain, Carrie Preston, Quei Tann, Austin Crute, Anna Lore, Monique Kim e Cooper Koch.
Darwin analisa que é um passo importante para a meta de sua comunidade em Hollywood. "Todos nós, como artistas, queremos chegar a uma indústria na qual atores LGBTQIA+ possam desempenhar qualquer papel, sem consideração por suas identidades pessoais, da mesma forma que atores heterossexuais e cisgêneros têm sido capazes de fazer ao longo da história. Uma vez que cada ator pode ser considerado apenas pelo mérito de suas habilidades artísticas, então todos os atores devem ser capazes de desempenhar qualquer papel. Estamos trabalhando ativamente em prol desse campo de jogo igual, e este filme é um passo nessa direção", analisa.
O filme trata de um assunto importante no mundo todo, as "terapias" para mudança de orientação sexual. "Devemos usar “aspas” em torno da palavra “terapia”, porque não é terapia. A lei proíbe os profissionais de saúde mental licenciados de submeter menores LGBTQIA+ à prática em apenas 20 estados dos Estados Unidos. Em nenhum estado, os líderes religiosos são proibidos dessa prática. Um estudo recente do Williams Institute da Universidade da Califórnia (UCLA) aponta que as pessoas que se submetem à "terapia" de conversão têm quase o dobro de probabilidade de pensar e tentar o suicídio", declara o ator.
Mais sobre o filme e o diretor
John Logan, que assina o roteiro e a direção do projeto, é dramaturgo, roteirista, produtor de cinema e televisão americano. Ele foi indicado três vezes ao Oscar; duas vezes por Melhor Roteiro Original por "Gladiador" (2000) e "O Aviador" (2004) e uma vez para Melhor Roteiro Adaptado por "Hugo" (2011), filme que recebeu ainda outras dez indicações. Ele também é um dos roteiristas de "007 Skyfall" (2012).
Enquanto o nome do filme não é divulgado, o projeto está sendo chamado de "John Logan Blumhouse Horror Film". "É importante ressaltar que o filme não culpa a religião nem afasta pessoas religiosas. Este não é um filme anti-religioso, ou particularmente anti-cristão. O filme é mais do que isso porque o problema é bem maior", conta o ator. "Eu não posso falar muito sobre o personagem porque tudo é guardado a sete chaves. O que posso garantir é que está sendo maravilhoso gravar esse filme, cercado de atores e profissionais que sempre admirei e, principalmente, tendo a oportunidade de ser uma voz que pessoas estejam realmente interessadas em escutar e celebrar", conta.