Auditoria da Caixa aponta favorecimento de aliados e familiares por ex-presidente Gilberto Occhi
Investigação revela operações suspeitas que somam R$ 1,7 milhão
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Uma auditoria interna realizada na Caixa Econômica Federal revelou que o ex-presidente Gilberto Occhi agiu em benefício de interesses privados de aliados políticos e familiares durante o período em que esteve à frente da instituição, entre junho de 2016 e abril de 2018.
Indicado pelo PP para presidir o banco estatal em uma composição para angariar apoio de deputados do Centrão ao governo Lula, Occhi é apontado pela investigação como tendo patrocinado interesses privados por meio da liberação de recursos para contratos imobiliários de uma empresa ligada a um deputado do partido. Além disso, a auditoria identificou interferências em procedimentos bancários para destravar pedidos de aliados, bem como atuação em operações de crédito em benefício de familiares do próprio ex-presidente.
Os valores das operações sob suspeita, conforme apontado na investigação, totalizaram R$ 1,7 milhão em 2017. O ex-presidente da Caixa e os demais citados negam qualquer irregularidade nos procedimentos.
O caso veio à tona em 2019, quando a Corregedoria da Caixa conduziu a investigação, resultando na abertura de um processo disciplinar contra Gilberto Occhi.
Entre as mensagens obtidas no celular do então deputado federal Toninho Pinheiro (PP-MG), uma delas mostrou que ele solicitou a intervenção de Gilberto Occhi para a liberação de financiamentos imobiliários de clientes da empreiteira Madri Construções - Alvarez, empresa pertencente ao cunhado do deputado. Occhi repassou o pedido ao então vice-presidente de Habitação da Caixa, Nelson Antônio de Souza, que, posteriormente, sucedeu Occhi na presidência do banco.
De acordo com a investigação, os clientes da empreiteira aguardavam a liberação de quatro contratos de financiamento pelo programa Minha Casa Minha Vida, que totalizavam cerca de R$ 450 mil. A auditoria concluiu que o pleito foi atendido, e os recursos foram liberados pela Gerência Nacional do Minha Casa Minha Vida, em vez da agência local da Caixa, como seria o procedimento padrão. Tais autorizações aconteceram após as mensagens enviadas a Gilberto Occhi.