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Saúde

Autismo: Inclusão e conscientização da sociedade é essencial para pessoas com TEA

Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo é celebrado nesta terça-feira (2)

Por Carlos Eduardo Ferreira
Ás

Autismo: Inclusão e conscientização da sociedade é essencial para pessoas com TEA

Foto: Ilustração/Símbolo Autismo

Dois de abril marca o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007. A data tem o objetivo de difundir informações para a população sobre o autismo, além de buscar reduzir a descriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo transtorno.

O Transtorno do Espectro Autismo (TEA) é um transtorno comportamental e afeta partes do desenvolvimento psicomotor e social. Segundo a Dra. Rachel Silvany, Neuropediatra,

Mestre e doutoranda em Medicina e Saúde (PPGMS), quanto mais cedo o diagnóstico melhor para o prognóstico da pessoa autista. Silvany afirma que os pais precisam ficar atentos a alguns sinais, que podem identificar o transtorno. 

“Os pais chamarem e a criança não olhar, não conseguir brincar de forma adequada com os brinquedos, podendo rodá-los ou jogar para cima, não conseguir brincar de esconde e achou – ou brincar de forma inadequada, atraso no gestual – não dar tchau ou dar tchau de forma anômala, atraso de fala ou atraso na comunicação, dificuldade para obedecer a alguns comandos ou ordens, movimentos repetitivos ou andar na ponta dos pés e dificuldade para interagir com crianças da mesma idade,” exemplifica.

Segundo dados do órgão de saúde Centers for Disease Control and Prevention (CDC), em 2020, 1 em cada 36 crianças de 8 anos são autistas nos Estados Unidos. O número é a principal referência mundial a respeito da prevalência de autismo. Fazendo a mesma proporção desse estudo do CDC com a população brasileira, poderíamos ter cerca de 5,95 milhões de autistas no Brasil.

Em relação às causas do transtorno, a Dra. Rachel ressalta que a ciência ainda não aponta a causa exata do autismo e por esse motivo, o autismo não é considerado uma doença e sim um transtorno. No entanto, aspectos como idade avançada dos pais,  ter outro irmão (ã) com TEA, prematuridade, uso de algumas medicações na gestação (como inibidores da recaptação da serotonina e drogas antiepilépticas) podem ser fatores de risco. 

Ela ressalta ainda que apesar de não haver medicamentos específicos para o autismo, o acesso a estímulos precoces, através de equipe interdisciplinares, devem ser iniciados “imediatamente” após o diagnóstico. 

“O tratamento do autismo baseia-se em estimular a criança em sua funcionalidade, então para isto é feita uma avaliação detalhada da criança ou adolescente, e assim é traçado um plano terapêutico, que deve ser revisado e adaptado periodicamente. Do ponto de vista medicamentoso, podemos tratar sintomas associados ao autismo como sintomas hetero e autolesivos, agitação, desatenção, ansiedade, etc. Lembrando que não há medicação específica para o autismo,” completa. 

A Dra. Carolina Barbosa, especialista em Análise do Comportamento Aplicada – ABA, doutora em Enfermagem e Saúde e sócia da Clínica AutismA, chama a atenção para continuidade da atenção as pessoas autistas a partir da fase de adolescência, já que nesse período ocorrem mudanças significativas no ambiente social, educacional e profissional, exigindo uma adaptação contínua das estratégias de intervenção e suporte.

“A adolescência e a vida adulta trazem desafios específicos em termos de relacionamentos interpessoais, independência, inserção profissional e vida autônoma. Portanto, a continuidade da atenção permite o acompanhamento personalizado dessas questões, promovendo o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas necessárias para uma vida plena e mais independente possível,” afirma.

No caso de pessoas adultas, o diagnóstico do autismo pode ser ainda mais desafiador. De acordo com a Dra. Carolina, às diferentes experiências de vida, estratégias de adaptação ao longo dos anos e possíveis mascaramentos de sintomas são pontos que podem influenciar na detecção da doença. 

“Essa avaliação geralmente inclui uma análise detalhada da história médica e do desenvolvimento atual do indivíduo, assim como uma investigação das características de autismo que podem ter se manifestado desde a infância, tendo a possibilidade de já haver extinguindo alguns destes sintomas,” aponta. 

Mesmo que tardio, ela ressalta a importância do diagnóstico da doença em adultos é essencial para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos.  

“Ao receber o diagnóstico, essas pessoas ganham acesso a intervenções e tratamentos específicos que visam suas necessidades, ajudando-os a desenvolver habilidades sociais, emocionais, cognitivas e comportamentais que podem melhorar significativamente sua qualidade de vida. Além disso, o diagnóstico proporciona um entendimento claro das características e desafios associados ao autismo, tanto para o próprio indivíduo quanto para sua família e amigos, promovendo uma maior aceitação e compreensão do comportamento e das necessidades do adulto autista,” ressaltou. 

Atualmente, existem várias abordagens e tratamentos disponíveis para adultos com TEA, com intuito de melhorar comportamentos, funcionalidade e sua qualidade de vida. Uma das principais intervenções é aquela baseada na Análise do Comportamento Aplicada (ABA).

“Estas intervenções são abordagens terapêuticas baseadas em evidências e que focam em potencializar ou modificar comportamentos específicos e, consequentemente, promover habilidades sociais, cognitivas, comunicativas e de vida diária. Além da ABA, os adultos com TEA podem se beneficiar de terapias comportamentais diversas, de treinamentos em habilidades sociais e comunicativas, programas educacionais e de treinamento vocacional para desenvolver habilidades acadêmicas, profissionais e de autogestão,” aponta. 

JIU JITEA 

Fundado neste ano pela ex-atleta baiana de Jiu Jitsu e mãe de uma criança autista de 3 anos, Alycia Reis, o Jiu Jetea é um centro especializado no tratamento de crianças e adolescentes com autismo que integra o método fisioterapêutico com as práticas do Jiu Jitsu. 

“Eu pratico artes marciais, pratico jiu-jitsu desde a infância, pratico a mais de 15 anos. E desde que eu era instrutora, ainda na Caixa Roxa, aos 18 anos, eu já trabalhava com crianças autistas, e sempre fui muito apaixonada pela causa.  Há três anos meu filho nasceu e ele também é autista e foi o empurrão que eu precisava para começar o projeto,” afirma Alycia.  

O diferencial do Jiu Jitea é o Método A.R.T.H.U.R, que além de ser uma sigla que representa o nome do filho de Alycia, representa os princípios fundamentais da abordagem terapêutica aplicada: Atividade integrada de jiu jitsu; Relatórios detalhados e remotos; Trabalho multiprofissional e remoto; Humanização do tratamento; União com clínicas e profissionais de saúde e Resultados Mensuráveis.

“Inicialmente, a gente realiza uma avaliação clínica para avaliar a flexibilidade. Posteriormente, o software computa os resultados da avaliação inicial e recomenda planos de terapia a partir das nossas 250 de atividade dinâmica envolvendo jiu jitsu. E, periodicamente, os indicadores são atualizados, assim a família do indivíduo consegue acompanhar o quadro evolutivo,” explica. 

Alycia, que é campeã mundial, brasileira e pan-americana, ressalta a importância da prática esportiva para o desenvolvimento de diversas habilidades de pessoas com TEA. 

“O esporte é imprescindível. Em diversos aspectos, desde aspectos motores aos sociais, aos psicológicos e até à autoconfiança. Eu sempre falo que no Jiu-Jitsu o autismo é um espectro de habilidades e desafios. Mas ao direcionar o nosso palco para a possibilidade de superação, encontramos no tatame uma valiosa ferramenta terapêutica para fortalecer o corpo e a mente,” ressalta.

Além disso, ela chama atenção para a necessidade de conscientização sobre o autismo, para que estereótipos existentes na sociedade sobre o transtorno sejam quebrados e para haja a inclusão de pessoas com TEA.

“É crucial falar e propagar a conscientização sobre autismo para que haja uma compreensão mais ampla, inclusiva da condição. Isso promove aceitação, reduz o estigma e cria ambientes mais acessíveis e apoiadores para as pessoas. Além disso, aumenta também a empatia e funciona a busca por recursos e apoios adequados para os indivíduos antigos, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva,” ressalta. 

A Dra. Rachel Silvany também aponta a conscientização e inclusão em diversas áreas da sociedade como “fundamental”, principalmente nas escolas. 

“A inclusão escolar é fundamental para um bom desenvolvimento acadêmico e social, um PEI (Plano de Educação Individualizado) deve ser realizado pelas escolas para cada criança autista, para tanto é importante a presença de uma psicóloga e psicopedagoga na escola, bem como idealmente um núcleo de inclusão para que possa acolher e incluir as pessoas autistas. Não esquecer da importância de integração entre família – escola – equipe multiprofissional,” ressalta.

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