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Saúde

Bahia: número de mulheres que foram mães após 40 anos cresceu 7,9% em 2022

Segundo o IBGE, quase 31 mil bebês nasceram de mães com idades entre 35 e 49 anos no estado

Por Emilly Lima
Ás

Atualizado
Bahia: número de mulheres que foram mães após 40 anos cresceu 7,9% em 2022

Foto: Reprodução

O número de mulheres que tem optado por engravidar depois dos 35 anos tem aumentado significativamente na Bahia. De acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pedido do Farol da Bahia, entre 2021 e 2022, houve uma variação de 7,9% na quantidade de mães que tiveram filhos entre 40 e 49 anos, o que indica que o número de nascimentos só cresce na faixa etária de mulheres maduras. 

No ano de 2022, a Bahia registrou o nascimento de 30.911 bebês cujas mães tinham entre 35 e 49 anos. A Pesquisa Estatísticas do Registro Civil, do IBGE, também aponta o nascimento de 28 crianças de mulheres com 50 anos ou mais. 

Segundo o levantamento, o número de mulheres que optaram pela maternidade somente após os 30 anos quase duplica no estado baiano. Houve um crescimento de 20,1% do total de nascimentos em 2003 para 37,7% em 2022. O mesmo ocorre com a participação das mães de 40 anos ou mais de idade, que passou de 2,1% em 2003 para 4,4% em 2022, com um aumento mais intenso nos últimos dez anos (de 2012 a 2022).

No Brasil, o aumento na maternidade tardia também é visível. Em 2022, foram registrados 447.417 nascimentos de bebês cujas mães tinham entre 35 e 49 anos. Esse número representa um crescimento de 0,42% em relação ao ano anterior, quando a mesma faixa etária teve 445.538 nascimentos. Embora o cenário baiano seja um reflexo da tendência nacional, os números de mulheres com 40 anos ou mais evidencia uma mudança no padrão da maternidade em diversas partes do país.

A especialista em reprodução humana, Dra. Genevieve Coelho, explica que essa é já uma tendência entre as mulheres da atualidade, que pensam primeiro na vida profissional e por último na construção de uma família.

"Dentro os projetos de vida da mulher atual, filho está no último. Hoje a mulher primeiro pensa na profissão, se estabilizar na carreira, equilibrar as finanças, conquistar espaço no mercado, ter um relacionamento estável e depois ter um filho. E é capaz da mulher chegar depois dos 30 e ainda achar que não está na hora", disse a médica.  

À reportagem, a especialista aponta que na gravidez tardia, que hoje é considerada a partir dos 38 anos, a mulher precisa se programar porque com o passar dos anos, a fertilidade cai, o que reduz as chances de engravidar de forma espontânea.

"Dos 30 aos 35 anos, por exemplo, a mulher tem uma chance de 80% a 90% de engravidar espontaneamente sem problemas. Dos 35 aos 38 anos, essa possibilidade cai para 60% de chance engravidar. Depois os 40 anos, apenas uma em cada 10 mulheres vai engravidar espontaneamente", destaca.  

"A idade ela é um ceifador da fertilidade feminina e acaba sendo uma loteria depois dos 40 anos. Ante disso, você ainda consegue espontaneamente ou com tratamento de reprodução. Depois dos 40, muitas acabam recorrendo a doação de óvulos", completa. 

Thaislane Barboza, de 30 anos, está entre aquelas que postergaram a gravidez em meio a outros sonhos de vida. Ao Farol da Bahia, ela explicou que ter filhos nunca foi o grande sonho de vida, mas que se arrepende de não ter tido antes dos 30.  

"Nunca pensei sobre idade de ter filho. Hoje me arrependo de não ter tido antes, quando penso a idade que terei quando meu filho tiver tantos anos, por exemplo. Porém, o tempo foi passando, outros sonhos foram tornando prioridade e ter filho foi ficando de lado. Com isso, já não consigo só pensar em ter um filho, já que me arrependo de não ter tido antes. Primeiro por não ser um grande sonho da minha vida, depois pelo medo de não estar preparada para educar alguém. Além disso, também entram os projetos pessoais e de casal", disse. 

Entre as metas de Thaislane estão conquistar uma outra casa, que não seja em cima da casa dos sogros e uma viagem dos sonhos do casal. "A correria dos anos atuais, traz questionamentos sobre a mudança de rotina com uma criança que requer tanto de nós, sendo principalmente a mãe. Mas a preocupação de deixar a idade passar também deixa muitas dúvidas", destacou. 

Apesar de se considerar uma pessoa com muitos tabus, quando o assunto é maternidade na casa dos 30, Thaislane pretende ter o primeiro filho até os 35 anos. 

Cuidados na gravidez tardia

A Dra. Genevieve reforça a importância de cuidar da saúde com antecedência, principalmente se a gravidez estiver planejada para acontecer após os 35 anos. Segundo ela, o sobrepeso é o primeiro alerta feito por médicos porque a condição desencadeia diversos tipos de riscos.

"Primeiro, alertamos sobre o sobrepeso porque essa condição é um risco cardíaco, para a pressão alta, diabetes e para a própria gravidez. Mesmo que a paciente não tenha diabetes, nem seja hipertensa, mas se ela engravidar mais velha com sobrepeso, ela tem uma chance de quase 70% de ter pré-eclâmpsia, que pode colocar em risco a vida dela e a do bebê", destaca a médica.

A especialista também destaca o risco da diabetes gestacional, que pode acontecer mesmo que a gestante não seja diabética. "A idade avançada por si só já é um risco, mas se ela tiver sobrepeso, o risco fica dobrado", diz.

"A gente sempre orienta: a primeira coisa é fazer dieta para baixar o peso, passar a ter uma alimentação sadia e equilibrada. Isso vai baixar o risco dela totalmente, mesmo sendo uma mulher mais velha", conclui.  

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