Baiana concorre a premiação nacional com estudo sobre poluição do ar em Salvador
O estudo foi feito através de plantas que ficaram expostas ao ar durante 45 dias
Foto: Reprodução/Fiocruz
Após desenvolver um estudo sobre os impactos da poluição no ar na cidade de Salvador, em 2005, uma série de iniciativas para reduzir os níveis de poluição foram tomadas, e, agora, baiana concorre ao Prêmio Espírito Público (PEP).
A fiscal de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis) e pesquisadora de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz/BA (Fiocruz), Nelzair Araújo Vianna, começou a desenvolver um estudo sobre os impactos da poluição no ar para os moradores de Salvador em 2005, que revelou a existência de metais pesados no ar da capital baiana e culminou em uma série de iniciativas que mitigaram o problema. Com isso, ela está concorrendo ao Prêmio Espírito Público (PEP), que reconhece a atuação de servidores públicos no país.
A medição foi feita através de plantas que ficaram expostas ao ar durante 45 dias e depois eram levados para análise em laboratórios. O grupo de pesquisa, liderado por Nelzair, fez a análise em sete pontos da cidade e descobriram a presença de metais pesados no ar que circulavam na cidade.
“Descobrimos que as pessoas estavam respirando partículas com metais e isso não é bom. Uma vez acumulados no organismo, metais pesados podem se alojar em diversos tecidos e provocar vários problemas de saúde”, explica a pesquisadora ao Correio.
Existem comprovações científicas de que o cádmio é responsável por problemas renais e o chumbo causa déficits cognitivos em seres humanos.A partir da descoberta, Nelzair buscou os órgãos municipais e deu início a uma série de medidas que ajudaram a reduzir os níveis de poluição na cidade. A mudança de 26% da frota de ônibus por veículos menos poluentes foi uma das maiores vitórias, em 2024. Um estudo da pesquisadora demonstrou que a substituição completa poderia evitar 122 mortes por ano.
A poluição causada no Carnaval de Salvador também foi estudada pelos pesquisadores. “Criamos uma agenda de trabalho que começou em 2005. Dois anos depois, já estávamos medindo a poluição gerada pelos trios elétricos, pensando em como criar políticas para controlar a exposição das pessoas que trabalham e curtem”, conta Nelzair Vianna. Após isso, os trios começaram a utilizar biodiesel, opção menos poluente, além de fazer carrocerias de alumínio, que diminuem a carga dos motores.
Nelzair Vianna também ressalta que para mitigar a poluição do ar nas grandes cidades, é necessário políticas públicas, mas também é necessário que cada um faça o seu papel. Tanto as pessoas, quanto as empresas precisam perceber o quanto está contribuindo para a emissão de gases poluentes.
No ano passado, Salvador aderiu à declaração Cidade Ar Limpo, com o compromisso de tomar medidas para a redução da poluição do ar até 2025. O acordo foi feito com o Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima.