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Bebê morre após mãe passar dois dias em trabalho de parto e família acusa hospital de negligência

Mãe aguardou por cesariana durante 40 horas; hospital diz que procedimento foi realizado após indicação médica

Por Da Redação
Ás

Atualizado
Bebê morre após mãe passar dois dias em trabalho de parto e família acusa hospital de negligência

Foto: Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista

Uma família acusa o Hospital Municipal Esaú Matos de negligência, após um bebê morrer na unidade de saúde, localizada em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. Segundo os pais da criança, a cesariana demorou de ser realizada, e, com isso, a mãe teria ficado em trabalho de parto por quase dois dias.

Em nota, a Fundação Pública de Saúde de Vitória da Conquista, responsável pelo hospital, lamentou o óbito do bebê e afirmou que a cesariana é um procedimento cirúrgico que envolve riscos e, por isso, "só é realizado quando há indicação real". [leia a nota na íntegra no final da matéria]

Caroline Rodrigues deu entrada no hospital no dia 20 deste mês. O filho dela, Jonh Henrique, nasceu no dia 22, e foi diretamente para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal. O bebê morreu no mesmo dia.

O atestado de óbito aponta quatro causas para o falecimento: choque séptico, hemorragia pulmonar, hipertensão pulmonar, e síndrome de aspiração de mecônio. Todas estão relacionadas ao atraso do nascimento da criança. 

A síndrome citada no atestado ocorre quando o recém-nascido inala o mecônio, substância espessa e pegajosa semelhante a fezes, antes ou durante o parto. 

Em entrevista à TV Sudoeste, Caroline cobrou justiça. "Eu quero que eles melhorem o sistema de saúde, dê mais amparo, mais cuidado. Eu vi as mães, logo quando eu cheguei, na maca. Muitas vezes é desconfortável. O pessoal, na maioria das vezes, só passa, olha... eu saí muito abalada", desabafou a mãe. 

O pai do bebê, Aparecido da Silva, disse que os médicos só decidiram realizar a cesariana, após 40 horas tentando induzir Caroline ao parto normal.

"Acompanhei toda a gestação, estava tudo certo, tudo perfeito, só esperando a hora dele nascer, mas, infelizmente, a negligência aconteceu, por deixar ela, sabendo que não tinha condições de ter o parto normal, insistindo na indução, mesmo com a gente pedindo para que fosse cesária. Quando foram ver, já fazia mais de 36h que ela estava tentando e não conseguia passagem. Quando eles foram decidir já tinha mais de 40h", contou.

O caso foi registrado na delegacia da cidade, que investiga a situação.

Confira a nota do hospital:

"A Fundação Pública de Saúde de Vitória da Conquista lamenta profundamente o falecimento do recém-nascido ocorrido no último sábado, 22 de março, no Hospital Municipal Esaú Matos. Manifestamos nossa solidariedade à família e reafirmamos o compromisso em oferecer um atendimento humanizado e de excelência à população.

É importante esclarecer que a paciente deu entrada no hospital na quinta-feira, 20 de março, encaminhada de sua unidade básica de saúde para avaliação de indução do parto.

O procedimento foi iniciado e conduzido de acordo com o protocolo institucional, elaborado e atualizado anualmente com base nas evidências científicas mais atuais.

Durante todo o período em que esteve na unidade hospitalar, a paciente recebeu assistência médica integral, sendo acompanhada por uma equipe multiprofissional qualificada.

Como não apresentava sinais de trabalho de parto ativo, foi adotada a indução com o uso de misoprostol, um procedimento seguro, recomendado pelo Ministério da Saúde e aplicado em casos em que não há indicação imediata de cesariana. Essa conduta visa garantir a segurança da mãe e do bebê, seguindo as melhores práticas obstétricas.

Sem evolução satisfatória, a cesariana foi realizada após indicação médica, priorizando a segurança e o bem-estar da mãe e do bebê. É importante destacar que, embora necessário em algumas situações, trata-se de um procedimento cirúrgico que envolve riscos para ambos e, por isso, só é realizado quando há indicação real. O bebê nasceu necessitando de cuidados intensivos, que foram prestados em sala cirúrgica pelo neonatologista e, em seguida, foi encaminhado à UTI neonatal. No entanto, apesar de toda a assistência prestada, o recém-nascido evoluiu a óbito.

Diante da denúncia sobre o caso, informamos que já foi iniciada uma investigação interna para esclarecer as circunstâncias do ocorrido. Reafirmamos nosso compromisso com a transparência e a responsabilidade na apuração dos fatos. Assim que a investigação for concluída, todas as informações serão divulgadas de forma clara e responsável.”