Bento 16 critica a flexibilização do celibato proposta a Francisco
O alemão defende seu ponto de vista em um livro
Foto: AFP
O papa emérito Bento XVI pediu publicamente nesta segunda-feira (13), a seu sucessor Francisco, que desista da ideia de ordenar homens casados como sacerdotes, uma iniciativa muito incomum no Vaticano.
Diante da falta de religiosos na Amazônia que facilitem o acesso aos sacramentos, um sínodo sugeriu ordenar sacerdotes homens casados de certa idade (os chamados "viri probati"), de preferência indígenas. Francisco deve tomar uma decisão sobre este tema nas próximas semanas.
O papa emérito Bento XVI saiu em defesa do celibato dentro da Igreja Católica em meio às considerações que seu sucessor, papa Francisco. O alemão defende seu ponto de vista em um livro co-assinado com o cardeal guineano Robert Sarah, como uma resposta à proposta de permitir que homens casados possam ser ordenados padres na região amazônica. Aposentado desde 2013, Bento 16 afirmou que não poderia ficar em silêncio sobre o tema.
No livro, cujo título original é “From the Depths of Our Hearts” (“Das Profundezas dos Nossos Corações”, em tradução livre), que chega às livrarias nesta quarta-feira (15), ele afirma que o celibato, uma tradição secular dentro da Igreja, tem "grande significado" porque permite aos padres focarem em seus deveres. "Não parece possível executar ambas as vocações (sacerdócio e casamento) simultaneamente."
De acordo com o Movimento Nacional das Famílias dos Padres Casados, mais de 7 mil brasileiros solicitaram à Igreja a dispensa do sacramento da ordem em troca do matrimônio — a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não divulga dados sobre o assunto.
Isso significa que 1 a cada 4 sacerdotes católicos ordenados no Brasil larga a batina para constituir família.
Segundo a revista La Civiltá Cattolica, publicada desde 1850 em Roma pelos jesuítas italianos, em todo o mundo esse número supera os 60 mil padres.