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Saúde

Bolsa Família diminuiu número de mortes de pacientes com transtornos mentais

Resultado é do estudo publicado na PLOS Medicine

Por Da Redação
Ás

Bolsa Família diminuiu número de mortes de pacientes com transtornos mentais

Foto: Lyon Santos/ MDS

Receber Bolsa Família reduz o risco de morrer? Sim, ao menos em fatores específicos. Um estudo atual divulgado na PLOS Medicine testou, em pacientes internados com algum transtorno psiquiátrico, a ligação entre ter acesso ao Programa Bolsa Família (PBF) e o risco de mortalidade. O resultado? O Programa não só diminuiu as taxas de mortalidade entre pessoas internadas com transtornos mentais, como seria capaz de impedir mais mortes. 

A investigação foi comandada pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia). Para compreender o efeito do benefício na mortalidade desse público específico, o estudo aliou dados sociais e de saúde da Coorte de 100 Milhões de Brasileiros* e acompanhou, com grande base, quase 70 mil pessoas que se inscreveram no Programa depois de uma única internação por um transtorno psiquiátrico.

“Comparamos um grupo de pessoas que recebeu o benefício após uma hospitalização por transtorno mental com um grupo que não recebeu. Essa comparação mostrou que o Bolsa Família promoveu uma redução de 7% na mortalidade geral e de 11% na mortalidade por causas naturais”, ilustra Camila Bonfim, pesquisadora do Cidacs/Fiocruz Bahia que comandou a investigação à Fiocruz.

Diminuição foi maior para mulheres e pessoas mais jovens 

As pessoas hospitalizadas com transtornos mentais que integraram a base tinham idade entre 10 e pouco mais de 100 anos e os dados observados cobrem o período entre os anos 2008 e 2015. Os números indicam que, em relação as mulheres, o PBF resultou em 25% de diminuição da mortalidade por razões gerais e de 27% por causas naturais. O resultado ainda foi expressivo para pessoas entre 10 e 24 anos, com uma diminuição de 21% na mortalidade por causas gerais e de 44% por causas naturais.

“Esses impactos na redução da mortalidade por causas naturais como doenças cardiovasculares, cânceres, doenças respiratórias e outras coisas, mostram como o Programa promoveu um melhor acesso a serviços de atenção primária e exames de rotina, já que uma das condições para receber o benefício é esse acompanhamento”, comenta Camila.   

Além de diminuir a mortalidade, o Programa revelou potencial para impedir mortes. Ao averiguar a base das pessoas internadas por transtornos psiquiátricos, a pesquisa checou que se todas ganhassem o benefício, pelo menos 4% das mortes teriam sido impedidas. 

Redução da pobreza e ações de prevenção – Segundo Camila, ainda que não tenha sido projetado para tratar com o alto risco de mortalidade nessa população específica, os números apontam a importância do benefício nesse aspecto: “Pessoas internadas com transtornos psiquiátricos têm uma expectativa de vida mais baixa do que a população geral. Conseguimos visualizar o potencial de programas de redução da pobreza, como o Bolsa Família, em um dos grupos populacionais de maior risco na sociedade”, declara.

O estudo ressalta a importância de medidas técnicas para prevenção: “São muitos os desafios de viver com transtornos psiquiátricos graves. Os números nesse estudo não só ajudam a aumentar o conhecimento sobre os efeitos do Bolsa Família no Brasil, mas ressaltam a urgência de considerar estratégias intersetoriais que ajudem a prevenir a mortalidade dos pacientes após uma hospitalização psiquiátrica”, encerra.  
 

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