Bolsonaro descarta tabelamento com o intuito de conter alta acelerada do arroz
Presidente pede que donos de supermercados colaborem neste momento
Foto: Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta terça-feira (8), que o governo descarta a possibilidade de "tabelar" preços com o intuito de conter a alta acelerada do arroz nos supermercados brasileiros. Segundo o presidente, o governo está conversando com os comerciantes para tentar convencê-los a colaborar nesse momento. "Tenho apelado para eles. Ninguém vai usar a caneta Bic para tabelar nada. Não existe tabelamento. Mas estamos pedindo para eles que o lucro desses produtos essenciais nos supermercados seja próximo de zero."
Bolsonaro disse ainda que ele espera que os supermercados abram mão da margem de lucro obtida com a venda de produtos essenciais para, dessa forma, empurrar o preço para baixo. Atualmente, um pacote de cinco quilos, normalmente vendido a cerca de R$ 15, chega a custar R$ 40 na gôndola. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), o produto comprado dos produtores pelas indústrias ficou 30% mais caro só em agosto.
Assim como outros produtos da cesta básica, como óleo de soja e feijão, a alta do arroz está ligada à valorização do dólar, que torna as exportações mais lucrativas aos produtores. Outro problema é que a safra de arroz neste ano caiu, ao mesmo tempo em que a demanda interna pelo produto cresceu durante a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Ainda segundo Bolsonaro, a situação deve ser normalizada até janeiro do ano que vem, quando haverá a colheita de novas safras de arroz. "Acredito que a nova safra começa a ser colhida em dezembro ou janeiro, o arroz em especial, e a tendência é normalizar. Sei que outras medidas estão sendo tomadas pelos ministros da Economia e da Agricultura para que a gente possa dar uma resposta a esses preços que dispararam nos supermercados," disse o presidente.
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostra que a alta do arroz chega a 100% em 12 meses. Produtores e especialistas dizem que os preços devem continuar subindo nos próximos meses. Na semana passada, o presidente já havia pedido "patriotismo" aos supermercados para segurar os preços de itens da cesta básica. "Estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro", disse ele, na ocasião.
Em resposta, a Associação Paulista de Supermercados ( Apas), informou que os aumentos são "provenientes dos fornecedores de alimentos, que são provenientes de variáveis mercadológicas como maior exportação, câmbio e quebra de produção".