Bolsonaro espera pedido de vista para adiar decisão que pode torná-lo inelegível no TSE
Julgamento do ex-presidente começou na quinta (22) e continuará na terça (27)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta sexta-feira (23), que acredita na possibilidade de o ministro Raul Araújo Filho, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pedir vista no processo que pode torná-lo inelegível por oito anos. O julgamento começou na quinta (22) e continuará na terça (27).
Bolsonaro disse que o magistrado é conhecido por ter "apego à lei". Apesar disso, o ex-mandatário voltou a classificar como suspeita a atuação dos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, atual presidente da Corte eleitoral.
"O primeiro ministro a votar depois do relator, o ministro Benedito, é o ministro Raul. Ele é conhecido por ser um jurista com bastante apego à lei. Apesar de estar em um tribunal político eleitoral, há uma possibilidade de ele pedir vista. Isso é bom porque ajuda a gente a ir clareando os fatos", afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha.
Araújo Filho será o segundo ministro a votar no julgamento de Bolsonaro no TSE. O ministro Benedito Gonçalves, relator da ação, será o primeiro, seguido por Araújo, Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares e os membros do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia, Kassio Nunes Marques e Alexandre de Moraes.
"Estão me acusando de uma reunião com embaixadores. Eu só fiz a reunião com os embaixadores, em julho do ano passado, depois que, dois meses antes, o ministro Fachin, que é do TSE também, fez uma reunião com os embaixadores e falou sobre o sistema eleitoral. Eu convidei os embaixadores a ir na minha casa, apesar de ser uma casa pública, uma obra pública, é a minha casa. Conversei sobre o sistema eleitoral. Não ataquei. Eu mostrei a verdade sobre o sistema eleitoral", afirmou Bolsonaro.
Caso ocorra a suspensão, ela será temporária, pois as novas regras do TSE estipulam que o processo deve ser devolvido em até 60 dias, caso contrário, será incluído automaticamente na pauta de julgamentos.
Bolsonaro afirmou que não quer discutir a possibilidade de ficar inelegível, ressaltando que enquanto tiver condições físicas e mentais, continuará envolvido na política e colaborando com o Brasil.
O Ministério Público Eleitoral argumentou que a reunião com embaixadores foi uma "manobra eleitoreira" e defendeu a inelegibilidade do ex-presidente.
Caso seja considerado inelegível, Bolsonaro poderá ficar impossibilitado de concorrer pelos próximos oito anos, devido ao suposto abuso de poder político durante a reunião com embaixadores em 2022, na qual ele atacou, sem apresentar provas, o sistema eleitoral brasileiro.