Brasil é o país mais atingido por raios no mundo e frequência pode aumentar devido às mudanças climáticas

O Brasil é o país mais atingido por raios no mundo. Além disso, especialistas apontam que há uma grande tendência, que já se comprovou pela ciência, de que os raios sempre caem no mesmo lugar mais de uma vez. A frequência desses raios, no entanto, é o que mais tem preocupado os especialistas. Segundo um recém-lançado livro de cientistas do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Elat/Inpe), as mudanças climáticas podem fazer com que esse número suba para uma média de mais de 100 milhões de raios por ano até o fim do século. 

O livro reúne dados de mais de três décadas de pesquisa e estudos inéditos realizados por Pinto Jr. e Cardoso, fundadores do Elat. O maior aumento, cerca de 50%, ocorrerá na Amazônia, com implicações para o equilíbrio da floresta, as telecomunicações e as redes de energia. A Amazônia já é o lugar com o maior número de descargas elétricas do país pela combinação de tamanho com tempestades frequentes. 

Para as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste eles projetam um aumento de 20% a 40%, variando dentro das regiões. O Nordeste, mais seco e com menos tempestades, deve ter o menor aumento, 10%. No Sul e no Sudeste ocorrem raios por cerca de cinco meses por ano. Menos do que na Amazônia, mesmo assim, muito para causar prejuízos, destaca o pesquisador.

A força dos raios no país está registrada nos recordes oficiais da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que reconheceu como o raio mais longo do mundo o que cobriu uma distância horizontal de 709 quilômetros, no Rio Grande do Sul, em 31 de outubro de 2018. 

O pesquisador alerta para os impactos ambientais. A maior parte dos raios que atinge a superfície cai nas florestas tropicais. Um estudo de cientistas americanos publicado na revista Global Change Biology estimou em 832 milhões o número de árvores em florestas tropicais atingidas por raios a cada ano. Destas, aproximadamente 194 milhões morrem em um período de até um ano em decorrência dos danos sofridos.