Brasil lidera em deslocados internos nas Américas, aponta relatório
Mais de 5 mil pessoas foram deslocadas por conflitos de terra, enquanto 708 mil foram afetadas por desastres naturais
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O número de deslocados internos em todo o mundo alcançou a marca preocupante de 71,1 milhões no final do ano passado, revela o relatório anual do Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (Idmc). Esse número representa um aumento de 20% em relação a 2021.
Nas Américas, o Brasil se destaca como o país com o maior número de deslocados internos. Mais de 5 mil pessoas foram deslocadas devido a conflitos por terra, enquanto 708 mil foram afetadas por desastres naturais. É importante ressaltar que a quantidade de deslocados por condições ambientais é a maior registrada em uma década. Um dos episódios mais graves ocorreu no país, onde 131 mil pessoas foram deslocadas devido a uma das maiores crises climáticas das Américas naquele ano.
Além disso, o estado brasileiro de Minas Gerais foi devastado por fortes chuvas em janeiro de 2022, resultando em 107 mil deslocados internos. O fenômeno climático La Niña, que persistiu pelo terceiro ano consecutivo, foi apontado como causa dos níveis recordes de inundações não apenas no Brasil, mas também no Paquistão e na Nigéria.
No que diz respeito aos deslocados por conflitos, o estudo destaca que a maioria dos casos está relacionada a disputas por terra em áreas rurais. Mais de 20% dos episódios foram registrados no estado de Goiás. No entanto, é importante observar que os deslocamentos associados à violência urbana não são contabilizados, o que pode subestimar o número real.
Moçambique
Moçambique, outro país de língua portuguesa, também enfrentou grandes desafios, com 283 mil pessoas deslocadas devido a situações de violência e 113 mil por tragédias ambientais em 2022. Cerca de 127 mil pessoas ainda viviam deslocadas no país africano no final do ano passado, em decorrência de desastres anteriores, como os ciclones Idai em 2019 e Eloise em 2021.
A violência na região de Cabo Delgado e áreas circunvizinhas foi responsável por 283 mil deslocamentos em Moçambique, um aumento de 50% em comparação a 2021. No final de 2022, aproximadamente 1 milhão de pessoas viviam em deslocamento interno devido à violência.
Globalmente, o número de movimentos de pessoas em busca de segurança e abrigo atingiu uma marca sem precedentes em 2022, totalizando 60,9 milhões. Isso representa um aumento de 60% em relação ao ano anterior.
