Brasil reinaugura base na Antártica
Mourão foi o principal representante do governo brasileiro na solenidade
Foto: Reprodução / TV Brasil
O vice-presidente Hamilton Mourão reinaugurou nesta quarta-feira (15), a Estação Comandante Ferraz, base de pesquisa do país na Antártica. Com a presença de autoridades brasileiras e pesquisadores, o evento começou por volta das 20h30 no horário de Brasília. A operação e a logística da base estão encarregadas à Marinha, com a apoio da Aeronáutica.O novo prédio, que fica na ilha Rei George, na Baía do Almirantado, foi erguido ao lado da atual base, que tem estrutura provisória.
Mourão viajou ao continente gelado para participar da reinauguração como o principal representante do governo brasileiro. A cerimônia estava prevista para terça (14), mas foi adiada por causa do mau tempo.
Ele foi acompanhado pelos ministros Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), além de representantes da Marinha e outras autoridades.
Durante a cerimônia de inauguração, o secretário de Politicas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Comunicação (MCTIC), Marcelo Morales, destacou os impactos da Estação em vários setores, como a agricultura, efeitos climáticos, entre outros. "Enfatizo a relevância dos vários grupos que atuam na Antártica. O Brasil faz parte de um seleto grupo de 29 países que possuem estações científicas na Antártica. Esta presença é muito importante porque, de acordo com o tratado antártico, só quem desenvolve pesquisas na região poderá definir o futuro do continente gelado", disse.
O ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, afirmou que a primeira palavra que pensou ao chegar na Antártica e ver a estrutura da Estação foi: orgulho. "Tenho orgulho de fazer parte desse momento tão importante da história. A ciência e a tecnologia são a ponta da lança de muitos países desenvolvidos. Para se ter uma economia mais pujante", frisou.
Cerimônia do selo
O ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes entregou ao vice-presidente Hamilton Mourão e ao ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, o álbum contento as peças filatelicas.
Novo Centro
A Estação Comandante Ferraz foi criada em 1984, mas em 2012 sofreu um incêndio de grandes proporções. Na ocasião, dois militares morreram e 70% das suas instalações foram perdidas. O governo federal investiu cerca de US$ 100 milhões na obra, e a unidade recebeu os equipamentos mais avançados do mundo. No local, pesquisadores vão realizar estudos nas áreas de biologia, oceanografia, glaciologia, meteorologia e antropologia.
O novo centro reúne também 17 laboratórios e pode hospedar 64 pessoas. O projeto de engenharia da Estação Comandante Ferraz foi desenvolvido para reduzir os impactos ambientais. Trinta por cento da energia consumida no centro de pesquisa vêm de fontes renováveis produzidas por placas solares e por uma miniusina eólica instalada no local.
Outro detalhe que chama a atenção é que o calor emitido pelos geradores de energia, em vez de ser lançado para o ar, é canalizado para aquecer a usina. Detalhes que fazem a Estação Comandante Ferraz ser considerada uma das estações mais modernas da região Antártica.
Cientistas da Fiocruz, por exemplo, estão entre os primeiros a trabalhar na nova estação, desenvolvendo pesquisas na área de microbiologia, a partir da análise de fungos que só existem na Antártica, e no poder medicinal desses micro-organismos. A Agência Internacional de Energia Atômica (Aeia) também já confirmou que vai desenvolver projetos meteorológicos na base brasileira.
Para ficar acima da densa camada de neve que se forma no inverno, o prédio recebeu uma estrutura elevada. Os pilares de sustentação pesam até 70 toneladas e deixam o centro de pesquisa a mais de três metros do solo. Os quartos da base, com duas camas e banheiros, abrigarão pesquisadores e militares. A estação também tem uma sala de vídeo, locais para reuniões, academia de ginástica, cozinha e um ambulatório para emergências.
Em todas as unidades da base foram instaladas portas corta-fogo e colocados sensores de fumaça e alarmes de incêndio. Nas salas onde ficam máquinas e geradores, as paredes são feitas de material ultrarresistente. No caso de um incêndio, elas conseguem suportar o fogo durante duas horas e não permitem que ele se espalhe por outros locais antes da chegada do esquadrão anti-incêndio.
A estação tem ainda uma usina eólica que aproveita os ventos antárticos. Placas para captar energia solar também foram instaladas na base e vão gerar energia, principalmente no verão, quando o sol na Antártica brilha mais de 20 horas por dia.
"[A estação] vai dar melhores condições de trabalho aos nossos pesquisadores, vai manter nossa presença no trabalho que está sendo feito pela comunidade científica internacional, de buscar respostas e avanços no conhecimento, na tecnologia, outras áreas que são pesquisadas lá. Ao mesmo tempo, permite que a Marinha faça um adestramento em termos de logística, em termos de deslocamento em águas, que não são tão tranquilas assim. Nós, do governo Bolsonaro, vemos com extrema satisfação este momento de reinaugurarmos a Estação Comandante Ferraz e darmos uma nova roupagem ao trabalho de pesquisa que está sendo realizado lá", afirmou o vice-presidente”.