Brasil vai encerrar 2022 mais pobre que há 10 anos, aponta pesquisa
Classes D e E com rendimento de até R$ 3,1 mil representam 55,4% da população
Foto: Arquivo/Agência Brasil
O Brasil vai terminar 2022 mais pobre do que há 10 anos, de acordo com um levantamento da Tendências Consultoria. A pesquisa, que considerou ganhou como trabalho, previdência, programas de transferência de renda, investimentos, juros e aluguéis para estimar a renda, apontou que as classes D/E, com rendimentos familiares mensais de até R$ 3,1 mil, representam 55,4% da população. Ao comparar com o mesmo período há 10 anos, foi observado que esse grupo somava 48,7%.
“Como a classe média é muito dependente do rendimento do trabalho, a conjuntura econômica do Brasil na última década acabou jogando os mais vulneráveis deste grupo para a camada mais pobre da população”, explica, ao jornal O Globo, o economista Lucas Assis, analista da Tendências e especializado em mercado de trabalho e estudos regionais de classes.
Ainda segundo Assis, o aumento no número de brasileiros mais pobres é resultado de uma classe média que minguou após a recessão de 2015-2016 e os efeitos da pandemia do coronavírus, que diminuíram a renda.
“Houve migração das famílias de classe média para as classes mais baixas. O Brasil, assim como outros países de economia emergente, tem uma parte da classe média muito próxima da situação de pobreza. Estavam na classe média, mas eram vulneráveis. Voltam por causa de saúde, desemprego, aposentadoria. São famílias à mercê dos ciclos econômicos”, completa.
Conforme o levantamento, esses brasileiros mais pobres ganham menos hoje. Há 10 anos, as famílias das classes D e E recebiam uma média de R$ 2.756, em valores corrigidos pela inflação. E agora, ganham cerca de R$ 2.675. Ou seja, uma queda de 2,93% no período.