Mundo

Brasileiro capturado nos EUA não pode ser extraditado

Danilo Cavalcante foi recapturado pela polícia americana após quase duas semanas de fuga de um presídio na Pensilvânia

Por FolhaPress
Ás

Brasileiro capturado nos EUA não pode ser extraditado

Foto: PA Gov

O acordo de extradição entre Brasil e Estados Unidos impede que Danilo Cavalcante, 34, condenado à prisão perpétua pelo assassinato da ex-namorada, em 2021, cumpra a pena no país natal. O brasileiro foi recapturado pela polícia americana nesta quinta-feira (14) após quase duas semanas de fuga de um presídio na Pensilvânia.

Segundo o acordo, os Estados Unidos se tornam soberanos na execução penal do caso já que o crime do brasileiro foi cometido, julgado e condenado naquele país. Cavalcante foi sentenciado à prisão perpétua em 16 de agosto pelo assassinato em primeiro grau, sem agravantes, da ex-namorada, a também brasileira Deborah Brandão, em 2021. De acordo com a acusação, ele desferiu 38 facadas contra a vítima na frente dos dois filhos dela, que tinham quatro e sete anos na época.

A advogada criminalista Cristiane Dupret explica que o caso não atende aos critérios de extraterritorialidade prevista no Código Penal Brasileiro -a possibilidade de aplicação da lei brasileira a crime cometido em território estrangeiro.

"Por se tratar de hipótese excepcional, a extraterritorialidade somente é possível se cumpridas as condições definidas pelo Código Penal. Dentre elas, deve o agente entrar em território nacional e não ter cumprido a pena em território estrangeiro", diz.

Sobre a execução penal do brasileiro incidem também regras previstas pelo tratado interamericano que envolve Brasil, Estados Unidos e outros países. "Impede que Danilo cumpra aqui a pena imposta pela Justiça dos EUA porque a prisão perpétua é proibida pela nossa legislação", diz o advogado Rodrigo Dall'Acqua.

No Brasil, Cavalcante é alvo de processo sob acusação de outro assassinato. A Justiça do Tocantins marcou para o próximo dia 11 o julgamento do caso, no qual Cavalcante é acusado de ter disparado seis vezes à queima-roupa contra Válter Júnior Moreira dos Reis, na cidade de Figueirópolis (TO), em novembro de 2017.

A previsão é que o julgamento seja realizado via videoconferência, já que o brasileiro foi encaminhado para um presídio de segurança máxima nesta quinta-feira. Segundo o Tribunal de Justiça do Tocantins, foi enviada uma intimação à Justiça americana no início de novembro do ano passado para que Cavalcante participasse de uma audiência virtual. O acusado, porém, se recusou a assinar a citação, e o Judiciário tocantinense estava em tratativas para ouvi-lo quando houve a fuga.

Para Dayane Moreira dos Reis, 27, irmã da vítima de homicídio no Tocantins, o julgamento só foi marcado agora porque Cavalcante chamou atenção da imprensa e das autoridades americanas após a fuga. A data da audiência foi agendada na última sexta-feira (8). "A Justiça é muito lerda. Passamos anos sem nenhuma resposta", diz.

Em nota, o Tribunal de Justiça do Tocantins afirmou que a prisão preventiva de Cavalcante foi determinada em 13 de novembro de 2017, oito dias após o crime. "Na mesma data, [o pedido de prisão] foi enviado à Polícia Civil para seu cumprimento, entretanto o acusado já tinha fugido do Tocantins", informou o tribunal.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:[email protected]

Faça seu comentário