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Brasileiros são vítimas de tráfico humano no sudeste asiático; Itamaraty acompanha casos

Luckas Viana e Phelipe Ferreira são obrigados a trabalhar em fraudes cibernéticas no Mianmar

Por Da Redação
Ás

Brasileiros são vítimas de tráfico humano no sudeste asiático; Itamaraty acompanha casos

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Dois brasileiros, identificados como Luckas Viana dos Santos, de 31 anos, e Phelipe de Moura Ferreira, de 26, são vítimas de tráfico humano em Mianmar, região no Sudeste Asiático. As vítimas foram capturadas por uma organização criminosa, após receberem uma oportunidade falsa de emprego.

Os casos foram divulgados nesta semana pelo portal Uol. Luckas morava há alguns meses entre Filipinas e a Tailândia, e recebeu uma proposta de emprego no início do mês. No dia 7 de outubro, o jovem já havia combinado com o suposto profissional de RH que integraria a empresa e foi levado por um suposto representante da empresa à cidade tailandesa de Mae Sot, que faz fronteira com Mianmar.

O jovem começou a suspeitar quando o trajeto demorou mais do que as quatro horas estimadas, e ao chegar em um local que tinha placas escritas em birmanês, língua oficial de Mianmar. Durante todo o caminho, Luckas conversava com um amigo através de um aplicativo de mensagens e escreveu que a situação parecia tráfico.

Em alguns momentos o brasileiro solicitou que o amigo acionasse a polícia, mas voltou atrás, disse que estava tentando resolver a situação e que estava em meio a muitas pessoas armadas. No dia seguinte, Luckas enviou novas mensagens e explicou que precisaria entregar o celular. Após isso, ele entrou em contato poucas vezes com a mãe e informou que não estava bem.

Por cerca de um mês, o jovem começou a enviar mensagens com menos frequência para o amigo, em números diferentes, pelo Telegram, e com textos abreviados para dificultar ser descoberto. Nas conversas, ele pedia que o amigo não respondesse. Ele relatou ser forçado a trabalhar por mais de 15 horas, sendo ameaçado de punições e em condições de vida precária, com pouco acesso a água e agressões físicas.

Em uma das mensagens, o jovem alegou que preferia morrer a viver naquelas condições: "Só quero ir embora. Me ajude, tenho muito medo de morrer. (…) Faz dois dias que não tomo banho. Nós trabalhamos mais de 15 horas por dia. Isso não é vida, não sei o que fazer. Eu quero ir embora ou morrer".

O último contato de Luckas com a família e amigo foi há cerca de um mês. Na mensagem ele disse estar cheio de hematomas e com dificuldades para andar, por conta dos castigos físicos sofridos.

Segunda vítima

O caso do segundo jovem, Phelipe de Moura, aconteceu no fim de novembro. Assim como Luckas, ele foi vítima da falsa oportunidade de emprego e passou a entrar em contato com os pais há cerca de uma semana.

O jovem disse que é ameaçado ter os órgãos retirados e sofre torturas diariamente. Phelipe contou que está no mesmo local que Luckas, que continua sendo vítima de castigos.

Complexo em Mianmar

Conforme divulgado pelo jornal O Globo, os brasileiros são levados a um local chamado 'KK Park', onde são obrigados a aplicar golpes on-line em vítimas ao redor do mundo. Mianmar é um país governado por altos comandantes das forças armadas e é território de diversos conflitos civis. Por conta da instabilidade do país, muitos grupos criminosos, montam suas bases para operações clandestinas.

Em 2022, foi registrado que o brasileiro, Patrick Lopes, de 24 anos, passou três meses sendo vítima da organização e era obrigado a aplicar golpes em cidadãos americanos, junto a outros nove brasileiros. Eles foram resgatados após uma negociação entre as autoridades brasileiras e locais.

No ano passado, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos apontou que ao menos 120 mil pessoas eram mantidas nesses espaços em Mianmar.

Posicionamento do Itamaraty

O Ministério das Relações Exteriores relatou por meio de nota que, acompanha com atenção o caso, através das Embaixadas no Brasil em Bangkok e em Yangon, e que mantém contato com as autoridade competentes, policiais, e familiares dos brasileiros.

Também foi informado que nas últimas semanas entrou em contato por diversas vezes com o governo de Mianmar, com o intuito de localizar e encontrar os brasileiros.

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