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Caetanave: a história do trio elétrico de Caetano Veloso

Nos anos 1970, os trios elétricos baianos inovaram com uma nave espacial no Carnaval

Por Marcos Camargo Jr.
Ás

Caetanave: a história do trio elétrico de Caetano Veloso

Em 1972 o Carnaval baiano já vivia ao som de alguns trios elétricos percorrendo o circuito Barra-Ondina, quando uma inovação surgiu quebrando a mesmice de um caminhão com caixas acústicas. Orlando Tapajós (1933-2018) era um construtor de veículos usados nos carnavais e resolveu presentear Caetano Veloso, que viveu três anos no exílio, em Londres, e voltava à cena naquele ano. 

Orlando havia rascunhado um veículo com o estilo de uma nave espacial, que viu ilustrada em uma revista de aviação e cuja página foi dobrada e guardada dentro do sapato. O ônibus espacial era a inspiração para o que seria um veículo diferente para estrear no carnaval baiano. 

Construída em metal leve, tinha duas áreas externas e diversos alto-falantes e luzes, uma inovação para a época. A construção longilínea imitava o formato de uma nave espacial com janelas, asas e uma cauda. A dianteira tinha uma fuselagem parecida com a dos aviões.  Na frente foram pintados os nomes de Dodô & Osmar (criadores do trio elétrico) e Orlando Campos (que era o nome de batismo de Tapajós).

Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil estrearam a Caetanave que se tornou símbolo do carnaval daquele ano. O sucesso foi tão grande que deu origem a um álbum de carnaval. Nos anos seguintes, a Caetanave continuou brilhando no carnaval baiano com pequenas alterações mas muitas melhorias no som. O caminhão que levava a nave era sempre um Mercedes-Benz.

Ainda nos anos 1970, a Caetanave deixava de desfilar. Com pouco espaço na área superior, atualizar a instalação de som também seria complicado e novos trios elétricos surgiram. Caetano Veloso também deixaria a cena do carnaval para se dedicar a outros projetos. Em 1992 o veículo voltaria ao carnaval em uma homenagem de Orlandinho Tapajós a seu pai. Mas só em 1999, por iniciativa de Carlinhos Brown, a Caetanave foi recuperada. O artista surgiu de fraque e cartola, ao seu estilo bem peculiar, e após desfilar no Campo Grande, passou o comando do trio a Caetano Veloso que foi homenageado.

Depois deste carnaval, a Caetanave ficaria exposta no Museu do Ritmo e em 2015 apareceu novamente por iniciativa de Carlinhos Brown no "Sarau do Brown" e geralmente aparece em festas carnavalescas, mas fora dos grandes circuitos de carnaval da Bahia.

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