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Os automóveis na história do Carnaval da Bahia

Veículos deram origem ao trio elétrico que conhecemos mas eles estavam desde sempre presentes no carnaval da Bahia e do Brasil

Por Marcos Camargo Jr.
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Os automóveis na história do Carnaval da Bahia

O automóvel começou a chegar ao Brasil no final do século XIX. Em 1891, um Peugeot desembarcou em Santos e dentro de pouco tempo os ricos empresários brasileiros queriam ter um automóvel na garagem. Na virada para o século XX, as festas do entrudo de origem europeia ganhavam as ruas e nada melhor do que desfilar a bordo de um automóvel. Para as poucas famílias abastadas, o carro era símbolo de poder, e no carnaval ganhava um tom de exclusividade e alegria passando pelas principais ruas da cidade.

Em São Paulo, a recém aberta avenida Paulista, era o ponto de encontro dos corsos de carnaval. No Rio de Janeiro, o centro era tomado por festas com confete e serpentina. Na Bahia, o empresário Henrique Lanat se tornava uma atração do carnaval de rua. Com a família a bordo do seu Clément Panhard, fabricado em 1899, desfilava pela capital no pequeno veículo ricamente decorado. A partir de Lanat, as famílias mais abastadas da Bahia queriam ter um automóvel para desfilar na festa mais popular do país. 

Rafael Avena também ficou conhecido com seu veículo decorado para o carnaval. Assim como Lanat, que então já tinha um automóvel de maior porte decorado com imensos relógios funcionais, a dupla de homens de negócios serviu de referência para as famílias que tinham um automóvel e com ele saíam pelas ruas de Salvador durante os dias de carnaval.

Este costume se estendeu durante as décadas seguintes sempre reservado às famílias mais ricas. Até que em 1950, Antonio Adolfo Nascimento - apelidado de Dodô - e seu amigo Osmar Álvares Macedo, adaptam uma fobica em um automóvel e conectaram um violão elétrico que pudesse ser ouvido pelas ruas. No ano seguinte fizeram o mesmo em um antigo Chrysler Fargo, usando a caçamba para tocar música diante do público que seguia o veículo. Vendo o sucesso do Trio Elétrico, a antiga fábrica de refrigerantes Fratelli Vita resolveu apoiar a iniciativa. O carro chegou a ter oito caixas acústicas e um gerador adicional para que o som fosse ainda mais alto.

Nessa época o automóvel começava a ganhar popularidade com a chegada de modelos importados dos Estados Unidos e, na década seguinte, com os modelos nacionais, era cada vez mais fácil ver um carro pelas ruas. Assim, desfilar de automóvel se tornava algo fora de moda mas os trios elétricos ganhavam cada vez mais corpo na festa mais popular do mundo.

 

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