Campinas investiga mais uma morte por suspeita de febre maculosa
Vítimas participaram de evento em fazenda na cidade do interior de São Paulo
Foto: Christopher Paddock James Gathany / CDC - Reprodução
A Secretaria Municipal de Saúde de Campinas está investigando mais um caso de morte por febre maculosa de uma mulher de 28 anos, residente em Hortolândia. De acordo com a pasta, ela esteve presente no mesmo evento que a dentista Mariana Giordano, que teve sua morte confirmada pela doença pelo Instituto Adolfo Lutz. Além disso, o namorado de Mariana, o piloto de automobilismo Douglas Costa, também faleceu apresentando sintomas sugestivos da infecção.
O evento em questão ocorreu no dia 27 de maio, na Fazenda Santa Margarida, localizada no Distrito de Joaquim Egídio, em Campinas, sendo considerado o local provável de infecção. As três pessoas faleceram no dia 8 de junho. A Secretaria informou que os exames dos dois pacientes estão em andamento pelo Instituto Adolfo Lutz, uma referência na área.
Enquanto isso, o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) está realizando ações de prevenção, informação e mobilização contra a febre maculosa na Fazenda Santa Margarida. O Distrito de Joaquim Egídio é mapeado como área de risco para a doença.
A prefeitura de Campinas notificou os responsáveis pela fazenda sobre a importância de sinalização adequada em relação ao risco. Além disso, nos próximos dias, técnicos do Devisa realizarão uma pesquisa para verificar a infestação de carrapatos no local.
A febre maculosa é uma doença infecciosa causada por bactérias transmitidas pelo carrapato Amblyomma cajennense, conhecido popularmente como carrapato-estrela. Essa doença pode apresentar desde casos assintomáticos até casos graves com alto risco de morte.
Doença
Existem mais de 20 espécies de bactérias do gênero Rickettsia que podem causar febre maculosa em todo o mundo. No Brasil, duas espécies estão associadas a quadros clínicos: a Rickettsia rickettsii, responsável pela Febre Maculosa Brasileira (FMB), considerada a forma mais grave da doença, registrada no Norte do estado do Paraná e nos estados da região Sudeste; e a Rickettsia parkeri, que tem sido identificada em ambientes de Mata Atlântica, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará, produzindo quadros clínicos menos graves.
Os sintomas da febre maculosa surgem de forma repentina, com febre alta, dores de cabeça e dores musculares intensas. Conforme a doença avança, podem ocorrer hemorragias, náuseas e vômitos. O período de incubação varia de 2 a 15 dias, sendo que, em alguns casos, podem surgir lesões na pele.
A doença é transmitida pela picada de um carrapato infectado com a bactéria, sendo necessário um período prolongado de aderência do carrapato à pele para que a infecção ocorra. Não há transmissão de pessoa para pessoa.
O diagnóstico da febre maculosa pode ser feito por meio de testes laboratoriais, como a Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), que detecta a presença de anticorpos contra a bactéria causadora, através da coleta de sangue. É importante ressaltar que durante os primeiros dias da doença, o paciente pode não apresentar anticorpos, sendo necessário coletar uma segunda amostra de sangue.
Outro exame que pode indicar a doença é o de imunohistoquímica, que revela a presença da bactéria em amostras de tecidos obtidas através de biópsia das lesões na pele.
A prevenção da febre maculosa envolve evitar áreas infestadas por carrapatos, especialmente durante o período de maio a outubro. Medidas como o uso de roupas claras, calçados fechados, camisas de manga longa e calças podem ajudar a evitar o contato com os artrópodes. O tratamento da doença é realizado com o uso de medicamentos antimicrobianos específicos.
Embora seja considerada uma doença de baixa frequência, a febre maculosa apresenta uma alta taxa de mortalidade devido à falta de diagnóstico adequado e tratamento precoce. Em casos suspeitos, é importante coletar amostras de sangue para análise laboratorial e iniciar o tratamento imediatamente.