Michel Telles

Carlos Lopes propõe associação entre freelancers de eventos para deter crise na categoria

Lutando por melhores condições para profissionais liberais, empresário defende união da classe sem burocratizar a essência do trabalho.

Por Michel Telles
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Carlos Lopes propõe associação entre freelancers de eventos para deter crise na categoria

Foto: Divulgação

Empregando cerca de 25 milhões de brasileiros, o setor de eventos deve passar por um novo quadro de demissões a partir do segundo semestre de 2020. Segundo dados coletados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), 64% das empresas de eventos afirmaram não prever demissões entre os meses de abril a julho, entretanto, a chegada do mês de agosto liga o alerta vermelho em trabalhadores do ramo, principalmente os freelancers.

Se já está difícil manter o emprego para profissionais contratados da área (CLT), quem atua como freelancer está tendo o dobro da dificuldade habitual. Categoria pouco observada, mas essencial na organização e funcionalidade dos eventos, os freelancers?—?apesar de não contemplados no quadro de demissões?—?sofrem com a falta de oportunidade de trabalho e remuneração pela ausência de vínculos empregatícios com as empresas, ao contrário de profissionais que recebem mensalmente por contrato.

Somado à situação crítica desses profissionais liberais, a taxa do desemprego no Brasil registrou 13,3% no trimestre entre abril e junho de 2020, escalando 1,1% durante a pandemia, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua). Afetando indiretamente as oportunidades de emprego, remuneração e convocação, além de elevar o período de inatividade, concorrência e acarretar na desvalorização o trabalho, a classe dos freelancers vem acumulando baixas desde abril, sem projeções positivas até o final do ano. 

Propondo uma solução para a categoria, o empresário Carlos Lopes defende a criação de uma associação entre freelancers de eventos. Segundo o profissional, a união dessa classe em prol de um órgão regulador sustenta a valorização e segurança das suas atividades, freando a crise e as consequências a longo prazo da pandemia, além de amenizar as dificuldades históricas da categoria, entretanto, o projeto não deve burocratizar a essência do trabalho freelancer

As condições de trabalho dos profissionais freelancers de eventos estão cada vez piores devido à falta de regulamentação da categoria. Enquanto alguns empresários do nosso setor possuem lucros exorbitantes, a classe liberal tem dificuldade para dar condições básicas às suas famílias. É preciso ter um olhar mais humano e pensar em formas de promover a igualdade social, através da união entre esses trabalhadores, sem que percam a liberdade do ofício”, explica. 

Convivendo de perto com a categoria em seus anos de trabalho, Carlos relata já ter visto freelancers trabalhando em condições sub-humanas, extrapolando horas de trabalho, tendo funções desviadas, alimentação precária e salário incompatível ao ofertado no mercado. Inconformado com as condições oferecidas aos profissionais, o empresário decidiu se tornar representante da categoria, lançando sua pré-candidatura a vereador na Câmara Municipal de Salvador. 

Segundo o empresário, a associação determinaria piso salarial, melhores condições de trabalho, como carga horária, alimentação, vale transporte e segurança no protocolo das atividades, além de valorizar os esforços da categoria. Propondo o começo imediato das mudanças para evitar o crash no mercado, Carlos explica que a união dos profissionais liberais por melhores condições não significa a burocratização do trabalho ou privação de outros ofícios, mas a garantia de que a categoria não volte a ser desvalorizada. 

Há muitos anos acompanho o setor, seus empresários e seus freelancers. Como empresário de espaço de eventos, vejo de perto e escuto os profissionais freelancers (garçons, seguranças, copeiras, recepcionistas, técnicos de som e luz, montadores, decoradores) contarem os problemas dessa categoria e a luta por melhorias sem sucesso. Conheço a essência do trabalho liberal, mas também é preciso identificar que a maioria desses trabalhadores vivenciam condições inaceitáveis. Uma associação entre freelancers beneficia não só a classe, mas toda a categoria”, conclui. 

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