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Bahia

Caso Lucas Terra: pastores da Igreja Universal são condenados a 21 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado

Adolescente foi morto e teve corpo abandonado em terreno baldio em Salvador, no ano de 2001

Por Da Redação
Ás

Caso Lucas Terra: pastores da Igreja Universal são condenados a 21 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Os pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda foram condenados nesta quinta-feira (27), a 21 anos de prisão em regime fechado, pelo assassinato do adolescente Lucas Vargas Terra, de 14 anos, em março de 2001. A sentença foi dada pela Juíza Andréia Sarmento às 21h30. 

O júri popular começou na última terça-feira (25), no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador, e foi marcado por diversos momentos de contradição por parte dos réus. Ao todo, a Justiça baiana ouviu testemunhas de acusação, incluindo a mãe da vítima, e testemunhas de defesa.

Ao longo do dia, a mãe da vítima, Marion Terra acompanhou o julgamento e se emocionou em várias ocasiões. No momento da sentença, ela deixou o Salão Principal e ficou sentada com os outros dois filhos e familiares. 

Veja as penas:

Fernando Aparecido da Silva: 18 anos de reclusão, agravada para 21 anos de prisão;

Joel Miranda: 18 anos de prisão, agravada em 21 anos.

Após 22 anos de espera, os dirigentes da Igreja Universal foram condenados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Os três agravantes para o homicídio são: o motivo torpe, o emprego do meio cruel e a impossibilidade de defesa da vítima.

Relembre o caso

Lucas Terra era frequentador da Igreja Universal do Reino de Deus no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, e foi encontrado morto, com o corpo carbonizado, em um terreno baldio na Avenida Vasco da Gama.

Durante as investigações, o pastor Silvio Galiza foi apontado como o principal suspeito do crime. De acordo com os investigadores, ele abusou sexualmente de Lucas e o queimou ainda vivo, descartando o corpo para encobrir o crime. Inicialmente, em 2004, o pastor foi condenado a 23 anos e 5 meses de prisão. Após recursos, a pena foi reduzida para 15 anos. Hoje, Galiza vive em liberdade condicional.

Porém, em 2007, surgiu uma nova versão. Na época, Galiza relatou que Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda participaram do crime. De acordo com o religioso, os colegas da Igreja Universal foram flagrados pelo adolescente em um ato sexual. Segundo ele, por esse motivo, Lucas Terra teria sido assassinado.

Como consequência dessa delação, o Ministério Público da Bahia (MP-BA), que já desconfiava que Galiza não teria cometido sozinho o crime que resultou na morte de Lucas, denunciou tanto Fernando Aparecido quanto Joel Miranda como corresponsáveis pelo homicídio. Após um processo complexo, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os dois pastores deveriam ir a júri popular.

Julgamento 

Ao todo, duas mulheres e cinco homens participaram do grupo de jurados. Todos eles são cidadãos comuns, sem nenhuma formação em Direito. A juíza Andrea Sarmento presidiu o júri, ou seja, foi a profissional responsável pela condução da sessão e pelo cálculo das penas dos réus.  

O primeiro dia de julgamento, na terça (25), durou cerca de 12 horas e não pode ser gravado. O depoimento da mãe de Lucas Terra marcou o início do júri. Além dela, outras quatro testemunhas de acusação e uma testemunha de defesa foram ouvidas. 

No segundo dia, que durou cerca de 10 horas, as esposas dos dois pastores acusados de matar e esconder o corpo do garoto de 14 anos testemunharam a favor dos réus. Na ocasião, nove das 10 testemunhas de acusação foram ouvidas. A defesa dos réus focou em demonstrar como era a rotina dos pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido na semana que Lucas desapareceu e foi encontrado morto.

Já no terceiro dia, na quinta-feira (27), os pastores Fernando Aparecido e Joel Miranda entraram em contradição. Ao ser ouvido pelo júri, Fernando afirmou que não manteve contato com Joel durante os anos de espera pelo julgamento, enquanto Joel disse que ambos conversaram durante este período.

Essa não foi a primeira contradição encontrada pela acusação: no primeiro dia do julgamento, na terça, o pastor Beljair foi a primeira testemunha de defesa a ser ouvida pelo júri. Ele disse que morava com o réu Joel Miranda no Rio Vermelho na época do crime, mas nos autos do processo não constava essa informação. 

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