Casos de câncer de próstata devem dobrar até 2040, alerta estudo

Um estudo conduzido pela The Lancet Commission aponta para uma escalada preocupante nos casos de câncer de próstata até 2040. A pesquisa, a ser apresentada no Congresso da Associação Europeia de Urologia em Paris, prevê que os casos anuais possam dobrar, saltando de 1,4 milhão em 2020 para 2,9 milhões em 2040, sobretudo em nações com renda média e baixa. As informações são da CNN. 

Paralelamente, as projeções indicam um aumento alarmante de 85% na taxa de mortalidade relacionada ao tumor ao longo das próximas duas décadas. As estatísticas prevêem que as mortes anuais, que totalizaram 375 mil em 2020, possam chegar a quase 700 mil em 2040. Esse cenário se concentra majoritariamente em países com economias em desenvolvimento, onde já se observam índices crescentes de incidência e mortalidade.

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. A idade, notadamente acima dos 60 anos, emerge como um fator de risco preponderante, juntamente com antecedentes familiares da doença, sobrepeso, obesidade, tabagismo e exposição a agentes químicos nocivos.

Os especialistas responsáveis pelo estudo advertem que o envelhecimento demográfico e o aumento da expectativa de vida contribuem significativamente para o crescimento dos números, considerando a idade como um dos principais catalisadores para o desenvolvimento do câncer de próstata.

"À medida que uma proporção crescente da população masculina alcança idades mais avançadas, é inevitável um aumento substancial nos casos de câncer de próstata. É imperativo agir agora, implementando intervenções fundamentadas em evidências, tais como melhorias na detecção precoce e programas educacionais, especialmente nos países de renda média e baixa que enfrentarão a maior carga futura", ressalta Nick James, líder do estudo e professor do Instituto de Pesquisa do Câncer em Londres.

Em concordância, Bruno Benigno, chefe de urologia e oncologia do Hospital Oswaldo Cruz, reforça a importância de considerar o envelhecimento populacional como um fator determinante para o aumento dos casos, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil.

O estudo também aponta para disparidades na detecção precoce entre nações de diferentes níveis econômicos. Enquanto nos países desenvolvidos o teste de PSA é a principal ferramenta de diagnóstico, em nações em desenvolvimento a maioria dos diagnósticos ocorre já em estágios avançados da doença. Essa diferença evidencia a necessidade de políticas de saúde pública que visem aprimorar o acesso ao diagnóstico precoce em regiões vulneráveis.

Diante desse cenário, estratégias como a conscientização sobre os riscos e sintomas, o aumento do rastreamento e o investimento em infraestrutura médica emergem como pilares cruciais na luta contra o câncer de próstata. Ademais, a aplicação de tecnologias como inteligência artificial promete revolucionar a identificação de tumores, possibilitando tratamentos mais personalizados e eficazes.