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Censo 2022 aponta aprofundamento das desigualdades sociais

Dados do IBGE foram divulgados na sexta-feia (22)

Por Da Redação
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Censo 2022 aponta aprofundamento das desigualdades sociais

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Os números do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BGE), na última sexta-feira (22), refletem uma transformação demográfica no Brasil, com os pardos emergindo como o maior grupo racial, representando 45,3% da população. Contudo, a análise mais aprofundada dos indicadores socioeconômicos revela persistência e aprofundamento das desigualdades sociais no país.

Os dados apontam que, apesar do aumento na conscientização racial, os indicadores de renda, trabalho e educação continuam a destacar disparidades significativas. Pretos e pardos, por exemplo, enfrentam taxas mais elevadas de desemprego e recebem menos por hora trabalhada em comparação aos brancos. Entre as mulheres pretas ou pardas, a maioria se encontra na situação de não poder estudar nem trabalhar devido às responsabilidades domésticas.

Durante o lançamento dos dados de raça do Censo 2022, João Jorge, presidente da Fundação Palmares, enfatizou a importância dessas informações para a formulação de políticas públicas, destacando que os números evidenciam que "a pobreza tem cor, que o desemprego tem cor".

Desemprego
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua revela que, em 2022, a taxa média nacional de desemprego atingiu 9,3%. No entanto, a desigualdade racial persiste, com a taxa de desocupação entre pretos e pardos alcançando 11,1%, enquanto para os brancos foi de 7,6%. Essa discrepância já era evidente desde 2012.

Renda e Trabalho
Segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do IBGE, a desigualdade de renda persiste, com profissionais brancos ganhando, em média, 61,4% a mais por hora trabalhada do que pretos e pardos em 2022. A diferença no rendimento médio por hora trabalhada entre esses grupos pouco mudou ao longo de uma década.

A ocupação informal também reflete desigualdades, com maior representação de pessoas pretas ou pardas em trabalhos domésticos, sem carteira assinada e em posições que não contribuem para a previdência social.

Pobreza e Jovens "Nem-Nem"
As mulheres pretas ou pardas representam a maioria dos pobres no país, com 41,3% em situação de pobreza e 8,1% em extrema pobreza em 2022, conforme definição do IBGE. Dos 10,9 milhões de jovens "nem-nem", a maioria é composta por mulheres, destacando a sobrecarga de responsabilidades domésticas, especialmente entre as mulheres pretas ou pardas.

Trabalho Infantil
A Pnad Contínua de 2022 registrou 1,9 milhão de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, sendo 66,3% delas pretas ou pardas, superando a proporção desse grupo na população total de crianças e adolescentes.

Violência
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública destaca que a maioria das vítimas de mortes violentas em 2022 é composta por homens negros, representando 76,9% do total e 83,1% das vítimas de mortes por intervenções policiais.

Os dados coletados revelam uma complexa teia de desigualdades sociais que persistem e demandam atenção urgente para a formulação de políticas eficazes de combate à desigualdade no Brasil.

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