Coronavírus

Cientistas identificam mecanismo da Covid-19 que evita resposta imunológica

Cientistas norte-americanos descobrem como o vírus tem evoluído para evitar a detecção pelos anticorpos

Por Da Redação
Ás

Cientistas identificam mecanismo da Covid-19 que evita resposta imunológica

Foto: Reprodução/G1

Em um estudo publicado on-line nesta quarta-feira (3), na revista Science, os cientistas do Centro de Pesquisa de Vacinas da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, descobriram um padrão de evolução da Covid-19, que evita a resposta imunológica do organismo ao excluir, seletivamente, pequenos pedaços da sequência genética do vírus. De acordo com os pesquisadores, a parte do RNA viral apagada no processo é a que codifica a forma da proteína spike, a chave que o coronavírus usa para se encaixar na fechadura da célula e, assim, conseguir entrar no núcleo. 

Acontece que a spike é justamente o foco dos anticorpos neutralizantes que, ao identificá-la, orquestram o ataque ao vírus. Esse também é, naturalmente, o alvo das vacinas em desenvolvimento, que, segundo os especialistas, vão ter que ser adaptadas com o tempo, uma vez que o vírus criará resistência. Paul Duprex, diretor do Centro de Pesquisas de Vacinas e principal autor do estudo, destaca que existem moléculas especializadas em detectar erros durante a replicação do coronavírus, mas elas não enxergam as deleções no genoma.

Dessa forma, essas mutações passam despercebidas e, seletivamente, vão modificando a estrutura do vírus. Em consequência, ocorre o surgimento das variantes como as três mais recentemente identificadas (do Brasil, do Reino Unido e da África do Sul). Duprex esclarece ainda que o erro de deleção não pode ser consertado por meios naturais.

“Depois que ele (o pedaço apagado) desaparece, desaparece. E se ele for deletado em uma parte importante do vírus que o anticorpo ‘vê’ (como é o caso aqui), não há o que se fazer; ele desaparece para sempre”, observa. Segundo o cientista, as variantes do Reino Unido e da África do Sul têm essas deleções na sequência genética do vírus. Ele não sabe dizer se a brasileira também, pois, para isso, é preciso sequenciar uma quantidade suficiente de amostras.

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