CNC aponta maior número de famílias com contas atrasadas em 12 anos
De acordo com a pesquisa da confederação, a inadimplência cresceu 0,6 pp em fevereiro e alcançou 27% dos lares
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Segundo dados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta quinta-feira (3), a variação percentual das famílias com dívidas e/ou contas em atraso, registrado em fevereiro, é a maior dos últimos 12 anos.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pela pesquisa, disse que "alcançando 27% dos lares, o indicador de inadimplência apresentou, em fevereiro, aumento de 0,6 ponto percentual (pp) em relação a janeiro e de 2,5 pp na comparação com fevereiro de 2021. Já a parcela que declarou não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e, portanto, permanecerá inadimplente, ela também acirrou na passagem mensal, com aumento de 0,4 pp, a proporção chegou a 10,5%, mesmo percentual de fevereiro do ano passado”.
A pesquisa indicou que o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa) atingiu 76,6% em fevereiro, retomando o nível apurado em dezembro de 2021. Há um ano, a proporção de endividados era de 66,7%, 9,9 pp abaixo do número atual.
José Roberto Tadros, presidente da CNC, disse, através de nota, que a escalada dos juros, que encarece o crédito, dificulta a renegociação das dívidas.
No grupo das famílias com ganhos até dez salários mínimos, o percentual de endividados aumentou 0,4 pp, chegando a 77,8%. Já na parcela com renda acima de dez salários mínimos, a proporção de endividados alcançou o maior patamar histórico, 72,2%, com incremento anual de 10,1 pontos.
Para a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, o encarecimento do crédito no Brasil e a fragilidade apontada no mercado de trabalho devem seguir afetando a dinâmica do endividamento e da inadimplência dos consumidores, especialmente em ano de maior incerteza pelo processo eleitoral.
“Consideramos necessárias e relevantes as alternativas que suportem o pagamento dos compromissos financeiros assumidos e a renegociação das dívidas ou contas não pagas”, afirmou a economista.