CNI: Eventual prolongamento da guerra deve afetar a indústria no Brasil

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a possibilidade de um eventual prolongamento da guerra entre a Rússia e Ucrânia pode afetar a economia da indústria brasileira. Em relatório publicado nessa segunda-feira (14), o setor já está sofrendo, principalmente, pelo encarecimento das commodities - bens primários com cotação internacional.

A CNI afirmou que a alta internacional dos preços de matérias-primas agrícolas, minerais e energéticas deve aumentar a pressão sobre a inflação, que também é impactada pela pandemia da Covid-19. Segundo a entidade, a alta da inflação poderá resultar em aumentos adicionais nos juros, no Brasil e no exterior, com impacto negativo sobre a economia brasileira.

Além disso, o gerente executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, explicou que os efeitos do conflito sobre a indústria e a economia brasileira dependem da duração do conflito. Segundo ele, uma guerra mais prolongada tem chances de influenciar as exportações do Brasil como um todo, devido à desaceleração da economia global.

No Brasil, a elevação do preço dos minérios e dos produtos agrícolas deve ter efeitos mais imediatos sobre a inflação. No caso do petróleo, a alta afeta, além dos preços dos combustíveis, os produtos petroquímicos também, como plásticos e embalagens.

Em razão do crescimento lento da economia, a indústria não deve conseguir repassar integralmente ao consumidor o custo da alta das matérias-primas em um primeiro momento, aponta a CNI. Mas a entidade afirma que isso compromete a economia da indústria e reduz a margem de lucros de empresas ainda afetadas pela pandemia, o que pode gerar um risco maior de falências e de inadimplência.

Um outro impacto ocasionado pelo conflito sobre a indústria deve ser a escassez de componentes para fabricação de chips e semicondutores, já que tanto a Rússia quanto a Ucrânia são grandes produtores globais de metais usados nesses produtos.

Assim, as cadeias mundiais de produção, também devem sofrer impactos pelo aumento nos preços do frete e repercussões no longo prazo já que a estabilização do fluxo de insumos só ocorre à medida que fornecedores recuperam o ritmo de produção e de distribuição.

Entre 23 de fevereiro a 8 de março, após o início do conflito, o preço de diversas commodities dispararam. Atualmente, a cotação internacional do trigo subiu para 45,3%. Já o preço do barril de petróleo saltou 34,3%, além do aumento no paládio (+21,7%); o milho (+10,3%); o açúcar (+4,9%) e o alumínio (+4,2%).