Com alta de 40%, ovo 'salgado' assusta consumidores: 'pago chorando'

Item que faz parte de compras de brasileiros vê encarecimento incomodar população

Por Inara Almeida
Ás

Atualizado
Com alta de 40%, ovo 'salgado' assusta consumidores: 'pago chorando'

Foto: Pixabay

Uma placa de ovos com 30 unidades é um item que nunca falta no carrinho de supermercado da jornalista Mariana Santos, 24, que consome a proteína, a qual considera mais econômica, ao menos duas vezes por dia, no café da manhã e jantar. Porém, ela se deparou com uma surpresa um tanto 'indigesta' quando, na última compra da semana, na segunda semana de fevereiro, se deparou com os ovos cerca de 44% mais caros quando comparados apenas a um mês atrás.

“Depois de 15 dias de férias, fui fazer as compras e levei um susto. Costumava pagar R$ 18 em 30 ovos e estava custando cerca de R$ 26, R$27. Já tinha ouvido falar que o preço tinha subido, mas não imaginava que tinha sido tanto. A gente paga ‘chorando’, porque não tem como ficar sem, é a proteína que mais consumo em casa”, disse Mariana.

O espanto da jovem não é algo isolado, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que destaca o aumento do preço da proteína em cerca de 40% desde a segunda quinzena de janeiro. A justificativa, segundo o Instituto Ovos Brasil, é, sobretudo, o aumento na demanda.

“O mês de janeiro é um período de baixa demanda para os ovos, o que fez com que o preço em janeiro, em relação a dezembro, caísse de forma acentuada. Isso levou muitos varejistas e supermercados a realizarem promoções para aproveitar os preços mais baixos dos produtores. Já em fevereiro, com a volta às aulas, as pessoas retornando à rotina e a proximidade da quaresma, historicamente, o preço tende a se recuperar”, explicou o Anderson Herbert, diretor-comercial do instituto.

Ainda segundo Anderson, devido aos preços mais competitivos observados no mês de janeiro, a exportação pode ter sido intensificada, o que contribui para a alta de preços. Além disso, ele justificou que, no verão, as galinhas sofrem com “estresse térmico”, o que leva a uma diminuição na produção de ovos.

O encarecimento sentido em fevereiro, porém, não é “tão acentuado” quando comparado a dezembro, reforçou o diretor-comercial do Instituto Ovos Brasil. “Este ano, o aumento começou um pouco antes do normal, mas esse período geralmente é mais pressionado. O que se espera é que, até o inverno e no segundo semestre, os preços comecem a se tornar mais competitivos, havendo uma queda natural”, destacou.


Placa de ovos com 30 unidades a R$ 23,90. Foto: reprodução/X

“Crise do ovo” nos EUA impacta?

Nos EUA, os ovos estão ainda mais ‘salgados’. A tradicional placa com um dúzia da proteína chega a custar US$ 10,65 (R$ 61,37 na conversão atual). Por lá, os motivos são outros: um surto de gripe aviaria levou à morte de mais de 40 milhões de aves poedeiras ao longo de 2024.

O Instituto Ovos Brasil esclarece, porém, que fatores externos como esse têm “impacto limitado” sobre a produção nacional. “As exportações representam menos de 1% do total, praticamente toda a produção brasileira é destinada ao mercado interno. Fatores externos, como a crise de oferta nos Estados Unidos, têm efeitos bastante limitados sobre o comportamento do produto nacional", disse Anderson Herbert.


Com alta de preço, internautas apelidam ovo de 'picanha com casca'. Foto: reprodução/X

Cenário de desafios

De acordo com o diretor comercial do Instituto Ovos Brasil, o setor de avicultura no Brasil tem enfrentado uma série de desafios nos últimos anos, como o aumento do preço das embalagens, as desigualdades sociais, a necessidade de garantir a disponibilidade de produtos acessíveis em larga escala e dificuldade na realização de previsões diante do cenário de incerteza mundial.

"Esses fatores vão se somando e trazendo uma insegurança muito grande ao produtor. Está cada vez mais difícil equilibrar todos os pratinhos. Os alojamentos aumentaram bastante no último ano, e os produtores têm realizado investimentos frente à necessidade de ampliação e modernização das instalações", disse.

"Diante desse cenário, o setor produtivo de ovos tem o dever ético de direcionar seus esforços para garantir que um número expressivo de brasileiros tenha acesso à alimentação de qualidade e em quantidade suficiente. O objetivo central é fornecer alimentos nutritivos e acessíveis à população", completou.

O diretor comercial lembra ainda que o ovo tem ganhado protagonismo como fonte de proteína básica, sendo o reflexo disso a alta do consumo per capita do produto - que saltou de 242 unidades em 2023 para 269 unidades em 2024, podendo alcançar 272 unidades neste ano. 


Nota fiscal registra 30 ovos a quase R$ 30. Foto: reprodução/X

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