Comissão da Câmara aprova convocação de Mauro Vieira para explicar visita de Lula a ex-presidente da Argentina
Cristina Kirchner está em prisão domiciliar e recebeu visita do presidente brasileiro durante cúpula do Mercosul; ida do ministro das Relações Exteriores é obrigatória

Foto: Ricardo Stuckert/PR
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados aprovou a convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para que o diplomata explique a visita que o presidente Lula (PT) fez à ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner. A entidade decidiu nesta quarta-feira (9), por 20 votos a 8.
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O encontro ocorreu na semana passada, quando Lula participava da cúpula do Mercosul, em Buenos Aires. O bloco econômico reúne Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia.
Para acontecer a visita, Cristina Kirchner precisou obter uma autorização da Justiça argentina para receber Lula em sua casa, visto que a política está em prisão domiciliar na capital argentina.
Segundo o requerimento aprovado, a visita configurou como um "gesto político e ideológico", que pode "comprometer" a credibilidade do Brasil ao nível internacional.
"O Itamaraty deve pautar-se pela sobriedade, neutralidade, legalidade e foco no interesse nacional, jamais por solidariedades seletivas motivadas por afinidades ideológicas", diz o documento.
Apesar do encontro com Cristina Kirchner, a agenda de Lula não previu um encontro entre o petista e o atual presidente argentino, Javier Milei. Ambos os políticos se encontram apenas em fóruns internacionais, nunca de maneira reservada.
"A visita não integrou a agenda diplomática oficial do Brasil e tampouco foi acompanhada de encontro bilateral com o atual presidente argentino, Javier Milei, chefe de Estado democraticamente eleito e interlocutor legítimo do Brasil nas relações bilaterais", diz o texto.
A falta de reuniões entre os dois presidentes se deve ao fato de que Milei é um crítico de Lula e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, visto que, quando o argentino esteve no Brasil, também não se encontrou com o petista.
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