Confiança do empresário do comércio cai pelo segundo mês consecutivo, aponta Icec
Indicador continua em tendência de queda nos últimos dois meses
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) registrou queda de 0,6% em junho, atingindo 106,4 pontos, desconsiderando os efeitos sazonais. A divulgação do índice, que é apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ocorreu nesta quarta-feira (28). Pela segunda vez consecutiva, o otimismo dos varejistas diminuiu, levando o Icec ao seu menor nível desde junho de 2021.
O indicador continua em tendência de queda nos últimos dois meses.
Em relação ao mesmo período do ano anterior, a redução da confiança foi de 13,1%, a maior retração desde abril de 2021, quando a queda foi de 20,7%. Há três meses, o índice de condições atuais entrou na zona negativa, com uma forte queda na avaliação dos varejistas sobre o desempenho da economia e do comércio. A maioria dos comerciantes, 61,2%, relata uma piora nas vendas do comércio, sendo essa proporção a mais alta desde junho de 2021.
"O resultado do Icec de junho mostra que os empresários do comércio estão cautelosos com a situação econômica atual do país, que afeta diretamente o consumo das famílias", afirmou o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Segundo ele. a queda da confiança é um sinal de alerta, pois o setor vem enfrentando altas taxas de juros e dificuldades dos consumidores em acessar crédito e pagar dívidas.
Apesar da indicação de maior intenção de compra por parte dos consumidores, conforme revelado pela pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também conduzida pela CNC, o alto nível de endividamento, a inadimplência e o crédito caro e restrito limitam a capacidade de consumo.
"O otimismo do consumidor, com maior segurança no emprego e melhora da renda disponível pela inflação mais baixa, não tem se refletido em um aumento geral e sustentado nas vendas do varejo. Isso tem impactado a redução da confiança dos varejistas", explicou a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, em nota.
Outro índice que evidencia o pessimismo dos empresários é o de expectativas para o desempenho do comércio, que registrou uma queda de 10,1% entre junho de 2022 e 2023. "Dois em cada dez comerciantes acreditam que as vendas no setor devem piorar a curto prazo, mesmo com a dinâmica mais favorável da inflação nos últimos meses. A persistência das altas taxas de juros tem levado os comerciantes a reajustarem suas estimativas de vendas para este ano", acrescentou a economista.