Conheça os benefícios dos jogos eletrônicos na vida de crianças e adolescentes
Tecnologia é capaz de estimular a criatividade, a atenção e a memória visual
Foto: lev Dolgachov
O uso de tecnologias digitais está cada vez mais presente na vida de crianças e adolescentes. Todo esse aparato tecnológico tornou-se uma ferramenta que não otimiza apenas os estudos e trabalho, mas também é um ótimo aliado na descoberta e desenvolvimento de habilidades diversas.
Os videogames, muito populares entre crianças e adolescentes, são exemplos claros dessa evolução tecnológica. Apesar de muitos acharem, os dispositivos não servem apenas para diversão e jogatina, mas também trazem benefícios à saúde e bem estar dos jovens se utilizados com equilíbrio.
O mercado de jogos eletrônicos
Muitos não sabem, mas a indústria de jogos eletrônicos é, hoje, um dos mais maduros do mundo e admirada por sua potência tecnológica e econômica. Os números não enganam: esse mercado encerrou 2022 com receitas mundiais de mais de 180 bilhões de dólares e uma previsão de que esse número deverá ultrapassar o valor de 200 bilhões até 2025., segundo indica a empresa de inteligência de mercado Newzoo.
Com essas cifras, a indústria de jogos dominou o lazer audiovisual, superando os setores da música e do cinema. Inclusive, os jogos já são parte do negócio de muitas gigantes do mercado de áudio e vídeo, como a Netflix, por exemplo, que hoje possui em seu portfólio o Netflix Games, serviço de assinatura de jogos que fornece acesso a mais de 50 jogos exclusivos para celulares e tablets.
No Brasil, a modalidade dos jogos eletrônicos tem crescido bastante, um estudo realizado pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) mostra que 85% dos adolescentes entre 12 e 14 anos jogam videogame, e o país está no topo de rankings internacionais sobre o tempo de uso de consoles.
Os benefícios de jogar videogames
Diversos estudos já apontam que os games, se utilizados corretamente, trazem muitos benefícios aos pequenos. Recentemente, por exemplo, uma pesquisa publicada no Jama Network Open, apontou benefícios cognitivos, mostrando que os cérebros daqueles que jogavam algo apresentam uma maior atividade em regiões associadas à atenção e à memória.
Outro estudo conduzido pelo psicólogo do Instituto de Internet da Universidade de Oxford, aponta que o ato de jogar aumenta também a capacidade de resposta, promovem o trabalho em equipe, estimulam a criatividade, a atenção e a memória visual e melhoram a estratégia e a liderança. Além disso, os jogos promovem benefícios relacionados à educação, já que são capazes de ensinar histórias e idiomas e favorecem o pensamento crítico em tomadas de decisões.
Indo além, para a psicopedagoga Tatiane Pimentel, “a utilização dos jogos eletrônicos promove, estimula e potencializa estratégia, concentração, perseverança, habilidade social, coordenação motora, capacidade de tolerância à frustração, atenção, memória, trabalho em equipe e a longo prazo, oportunidades profissionais”, conta ela.
Ela ainda diz que crianças que têm contato com jogos tornam-se adultos com menos probabilidades de desenvolverem alguns medos, como insegurança. “Uma criança adequadamente estimulada tem mais capacidade de aprendizagem e facilidade em adaptar-se ao seu meio, e de relacionar-se com as outras pessoas, tornando-se um adulto mais autônomo e seguro”, acrescenta a especialista.
No entanto, como nem tudo são flores, a diversão também esconde perigos. Por isso, Tatiana alerta que é importante que os pais estejam atentos e acompanhem os seus filhos no ambiente digital. “O uso excessivo dos jogos online desestimula as atividades escolares e sociais causando sintomas de abstinência quando retirados, e em alguns casos, adolescentes se isolam e apresentam comportamento agressivo”, adverte.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu formalmente, no início de 2022, o vício em videogames e jogos eletrônicos como uma doença. Com a nova revisão, o transtorno mental recebeu o nome de “distúrbio de games” (gaming disorder) e passou a fazer parte da Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID-11). Apesar das divergências sobre a real existência do vício em jogos eletrônicos, muitas famílias que sentem necessidade de buscar ajuda estão devidamente amparadas.
O Transtorno de Jogo pela Internet (TJI)é um tipo de comportamento aditivo considerado uma dependência comportamental. Os principais sintomas são diminuição de controle sobre o início, frequência, intensidade, duração, término e contexto do jogo; aumento da prioridade (as outras atividades diárias se tornam menos importantes do que o jogo); e aumento da frequência no jogo mesmo com todas as ocorrências negativas na rotina.
Por fim, o diálogo em família é essencial, segundo a psicopedagoga. “É importante que a família aumente a vigilância, não subestime o desconhecido e dialogue mais com os seus filhos. Só dessa forma será possível notar mudanças de comportamento, as necessidades de atenção e possíveis problemas na escola”.