Copom decide se eleva juros básicos da economia nesta quarta (18)
Taxa Selic, em 10,5% ao ano, pode subir 0,25 ou 0,5 ponto; IPCA acumula alta de 4,24% em 12 meses
Foto: Reprodução/José Cruz/Agência Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decide nesta quarta-feira (17) se mantém ou eleva a taxa básica de juros, a Selic, com possibilidade de divisão entre os membros. A recente alta do dólar e o impacto sobre o preço de energias e alimentos por conta da seca trouxeram a indeterminação se o colegiado subirá os juros básicos pela primeira vez em mais de dois anos.
No fim de julho, foi divulgado o comunicado da última reunião, onde o Copom informou que o cenário econômico interno e externo do Brasil exige cautela. Conforme a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado realizada semanalmente, a taxa básica deve subir 0,25 ponto percentual nesta reunião e encerrar 2024 em 11,25% ao ano.
O Copom anunciará a decisão, ao fim do dia, desta quarta-feira. A última alta dos juros ocorreu em agosto de 2022, quando a taxa subiu de 13,25% para 13,75% ao ano. Após um ano nesse nível, a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano. O Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, no menor nível desde fevereiro de 2022. A decisão foi tomada nas reuniões de junho e julho.
Inflação
Na ata da reunião mais recente, o Copom declarou que avaliava uma elevação nos juros atribuída a valorização do dólar e ao aumento dos gastos públicos. Os membros do colegiado afirmaram que o momento é "ainda de maior cautela e de acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação".
Conforme dados divulgados pelo último boletim Focus, a estimativa de inflação para 2024 subiu 4,22% há quatro semanas, chegando a 4,35%. Isso representa inflação que se aproxima cada vez mais ao teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% para este ano, podendo chegar a 4,5% por conta do intervalo de tolerância de 1,5 ponto.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou negativo em 0,02% no mês de agosto, considerando a inflação oficial, a primeira deflação desde junho de 2023. O alívio, no entanto, é temporário.
A causa da deflação no mês de agosto é atribuída à queda dos preços de energia, que subirão a partir de setembro por conta da bandeira tarifária vermelha. Além disso, na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que a seca prolongada terá impacto no preço dos alimentos. O ministro ainda defendeu que o choque de oferta de alimentos não seja resolvido por meio de juros.
Conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos últimos meses, os alimentos e os serviços têm puxado a inflação. Com o resultado, o IPCA acumula alta de 4,24% em 12 meses, dentro da meta para 2024, mas próximo do teto.
Taxa Selic
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referencial para as demais taxas da economia. A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto, por meio da compra e venda de títulos públicos federais, para manter a taxa de juros próxima do valor definido na reunião.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a intenção é conter a demanda aquecida, tendo como consequência reflexos nos preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Dessa forma, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.
O objetivo com a redução da Selic é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
Meta
Para este ano, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%. Para 2025 e 2026, as metas também são de 3% para os dois anos, com o mesmo intervalo de tolerância.
No fim de junho, foi divulgado o último Relatório de Inflação, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2024 em 4%, mas a estimativa foi divulgada antes da alta do dólar e do impacto da seca prolongada. O próximo relatório será divulgado no fim de setembro.