Covid-19: Corticoide reduz tempo de paciente internado no respirador mecânico
Estudo brasileiro assegura que medicamento diminui complicações na UTI

Foto: Reuters
De acordo com um estudo brasileiro publicado nesta quarta-feira (2), no periódico científico Journal of The American Medical Association (Jama), o uso do corticoide dexametasona reduz o tempo de permanência de pacientes com graves quadros da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, no respirador artificial. O estudo, chamado Coalizão III, aponta que os pacientes tratados com o medicamento ficaram 2,6 dias a menos na ventilação mecânica, em comparação aos que não receberam o remédio.
O benefício do uso do medicamento no tratamento da Covid-19 em pacientes em estado grave é grande, pois ele diminui as chances desses pacientes apresentarem complicações durante a permanência na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com o diretor da Academic Research Organization (ARO) do Hospital Albert Einstein, Otávio Berwanger, esse é o primeiro estudo que de fato comprova a eficácia do medicamento em pacientes internados.
“Finalmente encontramos um tratamento que funciona e faz com que o pulmão das pessoas se recupere mais rápido, apressando a saída da ventilação mecânica. É um tratamento bastante disponível em vários países, inclusive no SUS do Brasil, e não tem um custo elevado”, disse o especialista.
Anteriormente, um estudo da série Recovery, conduzida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, já havia mostrado que os corticoides diminuem em um terço o risco de óbitos entre internados com suporte de ventilação mecânica. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia pedido aumento na produção do medicamento.
Para realizar o estudo brasileiro, os especialistas analisaram se a dexametasona poderia trazer benefícios a adultos gravemente infectados pelo Sars-CoV-2. Foram acompanhados 299 pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), submetidos à ventilação mecânica, em 41 UTIs brasileiras. Todos tinham, em média, 60 anos. Na análise, 151 pacientes receberam dexametasona associada ao tratamento padrão. Foram usadas 20 miligramas por cinco dias e 10 miligramas durante mais cinco dias. Outros 148 pacientes não receberam o medicamento em teste, apenas o tratamento padrão.
“Ao longo de um mês, os pacientes que tomaram a dexametasona ficaram, em média, 6,6 dias fora da ventilação mecânica. Já quem não tomou ficou quatro dias sem o suporte. A dexametasona tem efeito anti-inflamatório no organismo dos pacientes e, por isso, ajuda a reduzir as consequências de uma alta carga viral, que ataca principalmente os pulmões no caso do novo coronavírus”, concluiu o especialista.