Covid: pesquisadores apontam que doença pode afetar testosterona e espermatozoides
Proteína utilizada pelo vírus para invadir células humanas está associada a baixa testosterona
Foto: Karin Henseler/Pixabay
Quanto mais se sabe sobre a covid-19, mais se entende que a doença viral é capaz de deixar efeitos prolongados em quem contrai. Para além da queda de cabelo, cansaço e sintomas respiratórios, sintomas da covid longa, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) investigam as alterações hormonais e inflamação nos testículos provocadas pelo vírus.
Um estudo experimental apontou que a proteína Spike, estrutura utilizada pelo vírus para invadir as células humanas, está associada a baixa testosterona. Os pesquisadores identificaram também que a quantidade e qualidade dos espermatozoides diminui em parte dos pacientes.
As alterações foram identificadas, inclusive, em pacientes que tiveram o quadro leve e moderado da doença, disse o professor do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, Jorge Hallak. “O vírus SARS-CoV-2 tem uma predileção por sistemas e células que têm um tipo de receptor [ACE2], ou seja, que tem uma ligação na célula […] geralmente pela proteína S”, explica o professor.
O sistema reprodutivo masculino, diferente do feminino, tem esse receptor, o que permite a entrada do vírus causador da covid-19. Os pesquisadores da USP avaliam que essa diferença pontual pode explicar a maior resistência das mulheres em contrair a forma grave da doença.
O grupo de pesquisa, em teste com ratos, que têm alta taxa reprodutiva, descobriu que a proteína N diminui o nível de testosterona. Em outras análises, uma série de lesões nos testículos foram identificadas, possivelmente associadas às alterações inflamatórias, que reduzem a produção de espermatozoides e hormônios.