CPI da Covid: confira o resumo do depoimento do CEO da Pfizer, Carlos Murillo
Declaração de destaque foi a oferta de 70 milhões de doses ao governo brasileiro em 2020
Foto: Divulgação | Agência Senado
O gerente-geral da farmacêutica Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, foi o sexto depoente na CPI da Covid do Senado, realizada nesta quinta-feira (13).
Murillo começou prestando esclarecimentos sobre as sucessivas tentativas de acordo pela Pfizer com o governo brasileiro, fato que foi confirmado por ele. Segundo Murillo, o governo recusou três ofertas de vacinas da fabricante, sendo que a primeira foi feita em agosto de 2020, com 70 milhões de vacinas, que poderiam ser entregues até o final do ano passado.
O CEO da Pfizer também estimou que, conforme o cronograma inicial, caso acordo tivesse sido fechado, o Brasil teria cerca de 18,5 milhões de doses da vacina até o segundo semestre de 2021. No entanto, o acordo com a farmacêutica só foi fechado em março deste ano, um mês depois da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso definitivo da vacina.
Carlos Murillo também disse que o presidente mundial da companhia, Albert Bourla, chegou a enviar uma carta ao presidente Jair Bolsonaro, ao vice-presidente Hamilton Mourão; e aos ministros Eduardo Pazuello, Braga Netto e Paulo Guedes, como forma de tentar acelerar as tratativas com o governo brasileiro.
Em depoimento na CPI na quarta (12), o ex-secretário de comunicação do Governo, Fabio Wajngarten, confirmou o recebimento da carta pelo presidente e disse que o documento ficou dois meses sem resposta.
Murillo também disse que teve apenas dois contatos com o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sendo que a primeira foi em novembro, quando tentou negociar o primeiro acordo. A segunda aconteceu em uma reunião presencial no Palácio do Planalto, onde a empresa prestou esclarecimentos sobre a vacina. No entanto, em nenhum dos encontros houve fechamento para aquisição dos imunizantes.
Além disso, o gerente-geral da Pfizer disse que o encontro contou com a presença do filho do presidente Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
O depoente também desmentiu a informação dada pelo ex-ministro Pazuello, que chegou a afirmar, que a Pfizer tinha oferecido apenas 6 milhões de doses, quando na verdade foram 70 milhões de doses. O executivo também disse que não concorda com o posicionamento de Pazuello de que as condições contratuais eram "leoninas".
"As condições que oferecemos para o Brasil são exatamente as mesmas que a Pfizer negociou com 110 países no mundo", esclareceu Murillo.
O executivo também comentou declarações dadas pelo presidente Bolsonaro contrárias às vacinas, com o episódio de "virar jacaré", por exemplo.
"Nós somos uma companhia baseada na ciência. Apesar dessas declarações, continuamos com nosso objetivo de tornar a vacina disponível para o público brasileiro", pontuou Murilo, que completou "Eu nunca ouvi essas palavras de parte das pessoas que eu estava negociando. Elas nunca fizeram declarações assim".