CPI das Apostas autoriza relatório que solicita indiciamento do tio de Lucas Paquetá e de dois empresários

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas autorizou nesta quarta-feira (19) relatório final que solicita o indiciamento de Bruno Tolentino, tio do jogador Lucas Paquetá, por suspeita de ligação em um esquema de manipulação de resultados no futebol.

A apuração realizada pela comissão do Senado revela que Tolentino teria repassado quantias altas de dinheiro a atletas que estão envolvidos no esquema, e até Luiz Henrique, jogador do Botafogo.

O relatório ainda recomenda o indiciamento do empresário William Pereira Rogatto, conhecido como "Rei do Rebaixamento", detido pela Interpol, em Dubai, nos Emirados Árabes, em 8 de novembro.

O terceiro indiciamento apresentado é de Thiago Chambó Andrade, empresário que é apurado pela Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás, que é acusado de cooptar jogadores para alterarem resultados de partidas de futebol. Chambó também está detido.

As solicitações de indiciamento só há resultados de fato se o Ministério Público e, após, a Justiça aceitarem as apurações.

Segundo documentos bancários examinados pela CPI, Bruno Tolentino teria feito uma transferência de R$ 30 mil para Luiz Henrique em 6 de fevereiro de 2023.

A movimentação suspeita aconteceu dias após o jogador ganhar um cartão amarelo no momento de uma partida do Campeonato Espanhol, quando ainda trabalhava pelo Betis. A suspeita é de que o cartão tenha sido parte de um plano de manipulação para favorecer apostas.

Os dados financeiros conseguidos pela comissão mostram que Tolentino transferiu valores incompatíveis com seu patrimônio declarado.

Durante 258 transações bancárias, ele pagou para si mesmo um montante de R$ 839.696,44, como também de ter feito diversas operações com empresas relacionadas ao setor de apostas esportivas, como a Pay By Betano.

A apuração ainda indicou que o esquema envolvia familiares de Lucas Paquetá, abrangendo seu irmão Matheus Tolentino Coelho de Lima, que recebeu R$ 65 mil em dez transações suspeitas. A união entre os envolvidos provoca perguntas sobre a aparente ligação direto do meio-campista da Seleção Brasileira.

Fiscalização

Em síntese, o relatório também solicita do Ministério da Fazenda uma ação "de fato" como agente fiscalizador e que efetue normas de propaganda e publicidade que resguardem os apostadores, sobretudo, o público menor de idade. Além de solicitar o estabelecimento de um sistema unificado de autoexclusão de apostadores.

Ainda manda o relatório à Casa Civil e ministérios da Justiça, do Esporte, da Saúde e solicita que os órgãos procurem aprimorar os modos de combate à manipulação e coloquem uma proposta de conscientização sobre os perigos da ludopatia - vício em apostas.